quarta-feira, 25 de março de 2009

Avivamento

Por Pastor Sérgio Pereira

Vivenciamos dias em que nossos púlpitos enfatizam de forma exarcebada um retorno ou a chegada de um grande avivamento. Na verdade, traduz-se por avivamento grandes reuniões, êxtase religioso, uma experiência temporária com o Espírito Santo, umas poucas conversões, manifestações de sinais e maravilhas, danças litúrgicas, cair sobre a influência ou toque de alguém muito “ungido” e por ai vai as definições que temos sobre tão palpitante tema nesses dias modernos. Mas, isso é avivamento?
Avivamento é um mover do Espírito Santo trazendo um retorno do cristianismo pregado na Igreja Primitiva, cristianismo esse a ser vivido tanto na Igreja como na sociedade em que ela está inserida. G. J. Morgan, define avivamento como o “despertar na humanidade a consciência de Deus, mediante a presença interior do Espírito Santo. É Deus manifestando-se através da vida humana, fazendo jorrar o Seu poder redentor em frutos de justiça, na constituição da Sua encarnação da alegria e do arroubo do Evangelho no prados da Galiléia, um brado glorioso do pentecoste subindo numa doxologia de amor redentor”.
No hebraico vetero-testamentário, avivar é hayan que significa preservar a vida, trazer a vida ou fazer viver. Por sua vez o grego traz a palavra zoopoieo aludindo a vivificar, tornar vivo, estar com vida. Traduzindo para o contexto religioso diríamos que avivamento é:
1. Um retorno ou a recuperação da vida ou de uma aparente morte (Sl 85.6);
2. Avivamento é um choque na apatia e no descaso, uma recuperação de um estado de torpor (Is 64.1-3);
3. Uma recuperação daquilo que está esquecido, obscurecido ou deprimido. O avivamento restaura verdades que uma vez criadas e vividas estão agora jogadas em total descaso ou esquecimento;
4. Avivamento é uma reforma da doutrina e da pregação (Ed 7.10);
5. Conforme diz Arthur Wallis “avivamento é o contra-ponto do declínio que gera novo ímpeto espiritual”.
Todavia, a melhor definição parece ser a de Vance Havner que define avivamento como “uma operação do Espírito de Deus, entre o seu povo, é o cristianismo voltando ao normal”.
Numa olhada rápida aos avivamentos vetero-testamentários observaremos que os mesmo tiveram características similares e importantíssimas que deveriam ser ressaltadas no avivamento que queremos hoje. Obsevemos: (1) todos aconteceram em dias de grande crise moral e espiritual; (2) todos começaram a partir de um personagem movido por Deus como profeta que incentivava o povo a um retorno para Deus; (3) cada avivamento veio através de uma redescoberta dos princípios exauridos da Palavra de Deus; (4) todos os avivamentos trouxeram o povo à adoração e ao louvor; (5) em todos, os ídolos foram destruídos; (6) em todos, o povo deixou de lado as práticas condenadas por Deus; (7) em todos, seguiu-se um período de grande prosperidade nacional.
É preciso rapidamente que voltemos a buscar com ímpeto um avivamento com as características já descritas acima. Um avivamento que acorde espiritualmente o crente adormecido, chamando-o a responsabilidade (Gl 5.24,25). Um avivamento que desperte o cristão indolente, retirando-o da inércia e motivando-o a retornar às suas atividades (Rm 13.11). Um avivamento que revitalize as forças do cristão desalentado (Is 40.19). Um avivamento que estimule o cristão desmotivado para que prossiga sua caminhada espiritual (Pv 4.18; I Tm 4.15). Um avivamento que amplie a visão espiritual do cristão determinando aonde ele quer chegar (Pv 29.18).
Certamente que Deus é soberano e opera como e quando quer, entretanto se queremos um avivamento, Ele não o faz sem que nos debrucemos em oração e clamor. Em tempos de total apatia e inércia espiritual, avivamentos explodiram quando indivíduos ou grupos na coletividade começaram a orar.
As igrejas evangélicas no Brasil estão a ver uma falência espiritual. As igrejas tradicionais estão estacionadas, sem conseguir evangelizar, lutando contra o conservadorismo, o liberalismo teológico e o legalismo litúrgico. Os pentecostais estão marcados por uma moral seletiva, sua frágil teologia está minada pelo misticismo. Muitos de seus lideres estão transformados em “marajás da fé”, lutando apenas pelo poder eclesiástico sem a menor vocação para ser servo, todavia habilidosos em suas articulações.
Necessitamos de forma urgente de um avivamento de oração. Quando os líderes abandonarem seus títulos honoríficos e ralarem os joelhos em oração de quebrantamento, poderemos reacender a chama do avivamento (Jl 2.17). A falta de oração é o prelúdio de nossa falência espiritual. Não oramos, porque oração não dá dividendos a curto prazos, queremos resultados imediatos. Deixamos de orar, porque oração deve ser de portas fechadas e nós gostamos dos aplausos dos homens. Não queremos orar, porque isso representa perda de tempo, assim achamos que o sucesso é sinônimo de ativismo.
Sem oração produzimos movimento e ativismo, mas quando oramos produzimos avivamento! É tempo de avivamento!

Soli Deo Gloria!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Ética Cristã nos Dias Atuais

Por Pastor Sérgio Pereira

A palavra “ética” vem do grego ethos e se refere aos costumes ou práticas que são aprovados por uma cultura. A ética é a ciência da moral ou dos valores e tem a ver com as normas sob as quais o indivíduo e a sociedade vivem. Essas normas podem variar grandemente de uma cultura para outra e dependem da fonte de autoridade que lhes serve de fundamento.
A ética cristã tem elementos distintivos em relação a outros sistemas. O teólogo Emil Brunner declarou que a ética cristã é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta divina. Os fundamentos da ética cristã encontram-se nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, entendidas como a revelação especial de Deus aos seres humanos.
A ética é importante para a vida diária do cristão. A cada momento precisamos tomar decisões que afetam a outros e a nós mesmos. A ética cristã ajuda as pessoas a encarar seus valores e deveres de uma perspectiva correta, a perspectiva de Deus. Ela mostra ao ser humano o quanto está distante dos alvos de Deus para a sua vida, mas o ajuda a progredir em direção esse ideal.
Se fosse possível declarar em uma só sentença a totalidade do dever social e moral do ser humano, poderíamos fazê-lo com as palavras de Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Mt 22. 37 e 39).
Os cristãos receberam a incumbência bíblica de exercerem um papel revolucionário de mudanças morais e sociais no seu raio de ação. A magnitude da violência, o lastro do tráfico de drogas e o numero alarmante de tóxico-usuários, a miséria, o analfabetismo, a injustiça, o desemprego, as crianças na rua e a passividade das autoridades competentes e outros são fenômenos dos tempos pós modernos que diagnosticam que papel os cristãos estão exercendo neste mundo conturbado. Uma vez que todos esses fenômenos acontecem diariamente em nosso meio, perguntemos em tom de auto-crítica: a igreja evangélica é uma igreja saudável e praticante da missão integral de ser sal e luz?
Parto do principio de que se a Igreja evangélica brasileira cumprir sua missão de ser sal e for luz, o contexto social e moral de nossa nação serão influenciados e reconquistaremos valores fundamentais de nossa ética que estão amordaçados e escondidos por trás da influência da mídia e de uma pseudo modernidade.
Urge mudarmos nosso modus vivendi e tornarmo-nos modelos para as gerações vindouras. Precisamos fortalecer a frágil moral que permeia em alto escala aqueles que professam a fé. Vê-se isso no comprar, no vender, no agir, nos relacionamentos, até mesmo conjugais.
A igreja evangélica precisa difundir o reino de Deus sobre a sociedade anunciando e vivenciando amor e solidariedade, como deve, também, exercer o papel profético e denunciar todas as formas de opressão e injustiça que ofusca o brilho da vida, humana e não-humana. Para isso precisamos vivenciar valores do Reino que sendo vistos, proporcionem mudanças profundas nas vidas dos que fazem a sociedade. O mundo precisa glorificar a Deus por meio das nossas obras individuais e institucionais (Mt 5.14-16).
Que Deus nos ajude a vivermos de maneira ética nesses tempos pós-modernos!