Por Pr.
Sérgio Pereira
Qual a razão de
passarmos tantas horas semanais dentro do templo?
As respostas podem ser
múltiplas.
Há inúmeras pessoas com
motivações equivocadas quanto ao que fazem no templo. Outros estão com as
motivações certas, mas do modo errado.
Alguns vão a igreja
como o trabalhador de uma grande empresa vai a ela: bater o ponto! Outros sobem
as escadarias do santuário como meros religiosos cheios de formalidades e
cerimonialismo. Existem aqueles que são os famosos “crentes de congresso”: se
há alguma atração gospel ou um calendário especial, lá estão eles, sempre
confundindo o lugar de adoração com um parque de diversões. Há ainda os que se
lembram do templo na época da adversidade: bastou acontecer algo de ruim, eles
comparecem no primeiro banco da igreja para fazerem todas as correntes
possíveis.
Há cristãos que já
entenderam o real significado de ir à igreja: adorar o Senhor e contemplar a
sua formosura (Sl 27.4). Mas, o que significa adoração? Adoração verdadeira começa com a Criação (Sl 50.1). A real
finalidade da Criação é louvar a Deus (Sl 19.1). A verdadeira adoração sempre
inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas
ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania (Ex 3.6; Is 6.5; I Rs
19.13; At 9.6, ARC). A
adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus
adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida
santificado.
Adoração verdadeira é uma questão do coração. Em meio a esse formalismo
no culto ao Senhor, Ele conclama Seu povo a adora-lo em Espírito e em verdade
(Jo 4.23,24)
Sob muitos aspectos, o
templo tinha o mesmo significado para os israelitas que a cidade de Jerusalém: (1) Simbolizava
a presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (Ex 25.8; 29.43-46).
Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (I Cr 7.1,2;
cf. Ex 40.34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (I Cr 6.20, 33). Por
isso, quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em
direção ao templo (I Cr 6.24,26,29,32), e Deus o ouviria “desde o seu templo”
(Sl 18.6). (2) O templo também representava a redenção de Deus para com o
seu povo. Dois atos importantes tinham lugar ali: os sacrifícios diários pelo
pecado, no altar de bronze (Nm 28.1-8; II Cr 4.1) e o Dia da Expiação quando,
então, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo a fim de aspergir sangue no
propiciatório sobre a arca para expiar os pecados do povo (Lv 16; I Rs 6.19-28;
8.6-9; I Cr 28.11).
Todavia, o templo não
oferecia nenhuma garantia absoluta da presença de Deus; simbolizava a presença
de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse
à santa lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os lideres do povo
de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se
seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da
presença de Deus entre eles: o templo (Mq 3.9-12). Posteriormente, Jeremias
repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante
repetição das palavras: “Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é
este” (Jr 7.2-4, 8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo
da sua presença — o templo (Jr 7.14,15).
Infelizmente alguns de
nós a semelhança do que aconteceu no templo nos dias de Jesus, temos profanado
o templo do Senhor. De que forma profanamos o templo de Deus?
·
Profanamos
o templo do Senhor com nossas atitudes (Mt 21.12), quando fazemos do templo um
lugar de ganharmos a vida, de lucro, de comercio. Por causa de seus interesses
vinham ao templo não para terem comunhão, nem tampouco para oferecerem
sacrifícios.
·
Profanamos
o templo do Senhor quando não fazemos dele um lugar de adoração (Mt 21.13).
·
Profanamos
o templo do Senhor quando ele deixa de ser um lugar atrativo para o mundo. O
lugar no templo destinado aos gentios, para que estes pudessem adorar a Deus,
estava completamente ocupado com outras coisas. Como os gentios poderiam orar e
reverenciar a Deus se o próprio povo de Deus não fazia isso? Os gentios notavam
a falsa religiosidade daquela gente (Mc 11.17 b).
·
Profanamos
o templo do Senhor quando não temos zelo por ele (Jo 2.17). A indiferença que
Cristo viu no coração daquela gente o deixou irado. O Senhor tem zelo pelo que
lhe pertence
Portanto,
o espaço físico onde a igreja se reúne precisa ser, antes de qualquer coisa, um
lugar de encontro com o Divino, onde a graça perdoadora manifesta-se abundante
e provedora sobre o humano falho que ali que se apresenta reverentemente em
adoração.
Estar
na casa de Deus, orar e ouvir a Sua palavra produz o verdadeiro refrigério às
nossas almas; pois muitas vezes vamos à casa de Deus, com o coração triste,
amargurado diante de tantos problemas e lutas; e se buscarmos de todo o coração
esse refrigério, o encontraremos. E você já sabe o que faz no templo?
Artigo originalmente publicado no Jornal Mensageiro da Paz Edição nº 1572 de Maio de 2016.
Sérgio Pereira é
Pastor Presidente da Assembleia de Deus em Candeias do Jamari (RO). Secretário de Comunicação da CEMADERON e Membro da Comissão de Relações Publicas da CGADB.
Bacharel em Teologia (Instituto Inovatti), Graduado em Teologia (FACEL) e
especializado em teologia prática. Professor, conferencista e escritor.