sexta-feira, 28 de maio de 2010

O Céu e o Inferno

Palestrei sobre esse tema há duas semanas para o grupo de adolescentes de minha igreja, sob a solicitação da liderança. A pedido deles estou postando o rascunho dessa palestra para apreciação dos leitores.

O Céu e o Inferno

Por Pastor Sérgio Pereira

Texto Base: Mt 25.31-34,41

Introdução
Quando ouvimos a palavra céu e inferno, acabamos por pensar inevitavelmente em lugares descritos na Palavra de Deus, contudo não sabemos ao certo o que vêm a serem esses lugares. Por não compreendermos não damos a devida importância que o assunto merece. Nosso propósito no presente estudo é analisarmos o que a Bíblia realmente ensina sobre o céu e o inferno.

1- AS TRADUÇÕES BÍBLICAS
Não podemos deixar de mencionar que as inúmeras versões em português das Bíblias trazem diversas palavras para tradução de inferno, sabemos sobre a adulteração dos textos Bíblicos fieis aos originais desde a antiguidade, por essa razão não vemos a verdade sendo ministrada nas novas versões da Bíblia para mantê-la menos agressiva a religiões pagas.
As palavras usadas nas Bíblias em português são: Sepultura; Além ; Morte; Inferno .
Todas essas palavras foram usadas na ocasião de tradução das palavras originais que significam o local de tormento, conhecido em nossa língua como “inferno”.

2- O CÉU OU OS CÉUS
O primeiro texto onde aparece a palavra “céu” é Gn 1.1 e aparece no plural, ou seja, “céus”. A palavra original em hebraico usada no livro de Gênesis por Moisés para descrever os céus foi “shamayim” , essa palavra em hebraico tem o plural na terminação “im”, portanto indica claramente que há mais de um céu. Os céus são: inferior, intermediário e superior.
Céu inferior ou “AURONOS”: esse céu é o local onde podemos claramente ver as nuvens, o ar atmosférico sendo o céu que envolve a terra e o ar, inclusive o azul celeste está aparente no céu “auronos”.
Céu intermediário ou “MESORANIOS”: já esse céu é o local imenso onde estão localizadas as estrelas e planetas, já não é azul, pois vemos que ao sair da atmosfera terrestre o espaço é escuro e preto, sendo um vácuo onde estão as estrelas. Conhecido por céu astronômico, onde estão os planetas.
Céu superior ou “EPORANIOS”: esse céu e chamado de o céu dos céus , o lugar onde está o Senhor e os santos, onde os anjos circulam.
2.1. O CÉU É PROMETIDO ÀQUELES QUE SÃO FIÉIS ÀS ORDENANÇAS DE DEUS:
a) “Na casa de meu Pai há muitas moradas." Jo 14.2
b) “Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono.” Is 66.1
2.2. O CÉU É:
a) Lugar eterno: II Co 5.1; Sl 45.6; 145.13.
b) Alto lugar: Is 57.15
c) Lugar de paz, sem fome, sem tristeza, dores e choro: Ap 7.16,17
2.3. FORAM LEVADOS PARA O CÉU EM VIDA:
a) Enoque: Hb 11.5
b) Elias: II Rs 2.11
c) Senhor Jesus que retornou: At 1:11.
2.4. FORAM ARREBATADOS E CONTEMPLARAM OS CÉUS:
a) Estevão: At 7:55,56
b) Paulo: II Co 12.1-4
c) João: Ap 1:10-18

3- O INFERNO
A palavra “inferno” aparece na Bíblia por 30 vezes, sendo apenas 10 vezes em todo o Velho Testamento e 20 vezes no Novo Testamento, porém não foi registrada a mesma palavra para inferno em todas as passagens.
Sobre o inferno C. S. Lewis uma vez escreveu: "Não há nenhuma doutrina que eu removeria de mais bom grado do cristianismo do que isto, se eu tivesse o poder. Mas essa doutrina tem o pleno apoio das Escrituras, e sobretudo das próprias palavras do nosso Senhor."
Lewis não está sozinho no seu temor da verdadeira idéia do inferno. É um assunto que pode causar um calafrio de horror em qualquer coração. Mas a verdade é que o inferno não é um acréscimo arbitrário. Ele é essencial ao céu e à própria existência de um Deus justo.

3.1. PURGATÓRIO: A INVENÇÃO CATÓLICA
Trata-se de uma invenção do catolicismo, criada pelo papa Gregório I, em 593. O Concílio de Florença, realizado em 1439 a aprovou e foi confirmada no Concílio de Trento, em 1563. Sua sustentação está no livro de II Macabeus 12.42-46 (livro apócrifo.) Não há na Bíblia textos que afirmam a existência do purgatório, na realidade, a Palavra de Deus mostra com clareza a existência de apenas dois destinos eternos, o Céu e o Inferno, que são selados com a morte.
Duas teorias semelhantes ao purgatório:
A- O Limbus Patrum: o vocábulo limbus significa borda, orla. A idéia é paralela ao purgatório e foi criada pelos católicos romanos para denotar um lugar na orla ou na borda do inferno, onde as almas dos antigos santos ficavam até a ressurreição. Ensina ainda essa igreja que o limbus patrum era aquela orla do inferno onde Cristo desceu após sua morte na cruz, para libertar os pais (santos do Antigo Testamento) do seu confinamento temporário e levá-los em triunfo para o céu. Identificam-no como sendo o “seio de Abraão” – Lc 16:23
B- O Limbus Infantus: a palavra infantus refere-se a crianças. Na doutrina católica, havia no Sheol-hades um lugar de habitação das almas das crianças que não foram batizadas. Segundo essa doutrina, nenhuma criança não batizada pode entrar no céu.

3.2. PALAVRAS ORIGINAIS TRADUZIDAS POR INFERNO OU SEMELHANTE
A palavra hebraica SHEOL
está traduzida para inferno nas seguintes passagens: Dt 32.22; Sl 18.5; 55.15; 86.13; 116.3; 139.8; Pv 5.5; 7.27; 9.18; 15.11-24; 23.14; 27.20; Is 5.14; 14.9-15; 28.15-18; 57.9
A palavra grega HADES está traduzida para inferno nessas passagens: Mt 11.23, 16.18; Lc 16.23; Ap 6.8; 20.13
A palavra GEHENNA está também traduzida para inferno nas seguintes passagens: Mt 5.22-29; 10.28; 18:9; 23.15-23; Mc 9.43; Lc 12.5; Tg 3.6
A palavra TARTAROO aparece somente uma vez na Bíblia e traduzida para inferno também em: II Pe 2.4
Agora a explicação dos significados dessas palavras acima para entender o lugar chamado inferno e os demais lugares, uma vez que embora sejam palavras traduzidas igualmente, não significam o mesmo e exato local, à exceção de SHEOL e HADES que são iguais porém em idiomas diferentes (Hebraico e Grego). Não houve na realidade falha do tradutor quando menciona inferno no lugar delas, pois cada uma das palavras originais tem um significado próprio e complexo na sua descrição, vamos então procurar defini-la todas.
SHEOL- Essa palavra usada no Antigo Testamento do idioma Hebraico expressou o local onde foram lançados os espíritos daqueles que se mantiveram infiéis ao Senhor Deus, sem arrependimento e sem Seu Divino perdão. Tal local é o conhecido INFERNO propriamente dito, um local onde a vida da pessoa (afinal cada não somos apenas carne mas sim espírito primeiramente), segue seu curso em tormento eterno e também a caminho da eterna separação do Criador no dia do Juízo.
- Nesse local está acesa a ira de Deus pois desprezaram Seu infinito amor Redentor – Dt 32.22

- Um local onde existe apenas a essência da vida não carnal, a alma de cada indivíduo não remido – Sl 86.13
- Um local onde o Senhor ainda vê os que ali estão e tem conhecimento do que se passa lá – Sl 139.8
- Um lugar que está abaixo dos céus – Pv 15.24
- Além de tudo é um local que nunca se farta de receber almas – Pv 27.20
HADES- Uma palavra de mesmo significado que a anterior, porém em outro idioma, o Grego agora, foi usada no Novo Testamento em várias situações.
GEHENNA – Esta palavra Grega tem sua derivação de duas palavras sendo “GE” que significa um abismo, e “HINNOM” significando então um local conhecido como o vale ou abismo de Hinnom, situado ao lado sul e leste de Jerusalém e no tempo do Antigo Testamento era o lugar onde sacrificavam crianças recém nascidas no fogo ao falso deus Moloque (II Rs 16.3; 21.6) e onde o ímpio rei Manassés queimou seus filhos (II Cr 33.6), esse lugar era de aflição morte e fogo, um local de tormento muito grande. Jeremias o chamou de Vale da Matança por causa dos cadáveres que em breve ali seriam amontoados pela arremetida babilônica (Jr 7.32; 19.6). Mais tarde foi chamado de “Geena” o lugar onde em Jerusalém jogavam e queimava o lixo, o depósito de lixo com mau cheiro, fumaça e odores de putrefação que se encontra fora das cidades. Jesus mencionou tratar-se do lugar onde o fogo não se apaga e o verme e bicho nunca morre (Mc 9.43-44). O vale tornou-se uma metáfora para morte, corrupção e incêndio.
TARTAROO- Foi usada apenas uma única vez no texto de II Pedro 2.4 um local de confinamento de anjos caídos (demônios), mas não todos eles, e sim apenas alguns deles. Mas essa palavra foi usada na mitologia pagã grega para definir onde os deuses eram punidos e foi usada no livro apócrifo de Enoque (2.20) para referir aos anjos caídos também.

3.3. O SHEOL-HADES ANTES E DEPOIS DO CALVÁRIO:
Antes do Calvário: o Sheol-Hades dividia-se em três partes distintas: (1) Lugar dos justos, chamado Paraíso, seio de Abraão, lugar de consolo (Lc 16:22,25; 23:43); (2) Lugar dos ímpios, denominado lugar de tormento (Lc 16:23); (3)A terceira fica entre a dos justos e a dos ímpios, e é identificada como lugar de trevas, lugar de prisões eternas, abismo (Lc 16:26; II Pe 2:4; Jd 6), nesta parte foi aprisionada uma classe de anjos caídos, a qual não vai sair desse abismo, senão, quando Deus permitir na Grande Tribulação – Ap 9:1-12
Depois do Calvário: houve uma mudança dentro do mundo das almas e espíritos dos mortos após o Calvário. Quando Cristo enfrentou a morte e a sepultura, e as venceu, efetuou uma mudança radical no Sheol-Hades (Ef 4:9-10; Ap 1:17,18). A parte do paraíso foi trasladada para o terceiro céu, na presença de Deus (II Co 12:2,4), separando-se completamente das “partes inferiores” onde continuam os ímpios mortos

3.4. O INFERNO É DESCRITO COMO:
a) Castigo eterno: Mt 25.46
b) Fogo eterno: Mt 25.41
c) Chamas eternas e Fogo devorado: Is 33.14
d) Fornalha acesa: Mt 13.41,42,49,50
e) Lago de fogo: Ap 20.15
f) Fogo e enxofre: Ap 14.9,10
g) Fogo que não apaga: Mt 3.12
h) Lugar de punição: II Pe 2.4
i) Lugar de tormento: Lc 16.23

3.5. JESUS E O SEU ENSINO SOBRE O INFERNO
Há várias razões para acreditar na existência do inferno, mas nenhuma tão convincente como a que Jesus mesmo disse. Das doze vezes que gehenna aparece no Novo Testamento, todas, exceto uma, vêm da boca do Senhor (Tg 3.6). É Jesus que em todo o Novo Testamento pinta a figura mais gráfica do julgamento dos condenados, advertindo aos seus ouvintes severamente de tal destino (Mt 5.2,29; 10.28; 23.15,33; Mc 9.45-48; Lc 12.5).
- Ele pinta o inferno como uma fornalha de fogo eterno e um processo interminável de corrupção (Mt 25.41; Mc 9.48)
- São trevas enchidas de um choro angustiante, um lugar de castigo eterno (Mt 8.12; 25.46).
Este fogo, estas trevas, devem ser subentendidos literalmente? Talvez não, pois o diabo e os seus anjos que não possuem corpos materiais deverão sofrer a mesma sorte. Mas não há qualquer consolo nisso. Linguagem figurada é usada quando palavras comuns falham. A realidade do inferno será muito pior do que as figuras sugerem. O inferno é o lugar onde Deus não está, e poucos de nós têm seriamente contemplado como seria a absoluta ausência de Deus.

3.5. O LAGO DE FOGO
A expressão Lago de Fogo aparece cinco vezes no Novo Testamento e todas elas em Apocalipse. (19.20; 20.14-15; 21.8). Então, conforme indicam as Escrituras, esse local será a morada ETERNA de todos que já morreram sem Cristo, pois lemos que a morte e o inferno serão jogados no Lago de Fogo (Ap 20.14).

O inferno, em última análise, não é algo que Deus tenha acrescentado ao destino dos incrédulos, mas sim a conseqüência natural das escolhas que eles têm feito. Há afinal somente duas espécies de pessoas: aquelas que dizem a Deus, faça-se a tua vontade, e aquelas a quem Deus diz, no final, faça-se a tua vontade. Todos os que irão para o inferno ali estarão porque escolheram contra a vontade e a misericórdia de Deus. E o que têm escolhido?
Eles têm escolhido afastar-se de Deus e de todas as suas qualidades. Isso significa que desde que Deus como Criador tem dado à vida o seu propósito e sentido, a vida no inferno será eternamente sem sentido e inútil. Será uma terra cinzenta e desesperada, destruída de esperança e sonhos.
E porque Deus é amor (I Jo 4.8), o inferno será um lugar onde não haverá amor. Nele estará a miséria empilhada de todo o ódio, malícia, inveja e ciúmes que jamais houve. Não haverá nenhuma compaixão, nenhuma meiguice, nenhuma atenção, nenhuma preocupação desinteressada por outros; somente o choro ininterrupto de egoísmo.
E porque Deus é luz (I Jo 1.5-6), o inferno será verdadeiramente um lugar de "trevas" ininterruptas e absolutas. Não trevas literais, físicas, mas as trevas da maldade, perversão e impiedade.

sábado, 8 de maio de 2010

CUIDADO COM AS CISTERNAS ROTAS

Por Pastor Sérgio Pereira

“Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas que não retêm as águas”. (Jr 2.13)

O profeta Jeremias viveu nos anos entre 627 e 587 a.C. Foi profeta durante quarenta anos, profetizando a Judá e as nações gentílicas. Jeremias nunca casou. Viveu no reinado de Josias, ocasião em que houve um avivamento, ainda que de pouca duração; no reinado de Zedequias, que apesar de gostar de ouvir o profeta, não colocava em prática o que ele falava; também do rei Jeoaquim que desprezava as suas palavras e inclusive tentou matá-lo. O povo de Judá estava afastando-se de Deus, este então enviou Jeremias para falar do perigo que estava incorrendo em não voltar para a fonte de águas, que é o próprio Deus. Por quarenta anos Jeremias denunciou o pecado do povo e os chamou ao arrependimento, sofrendo por isso severas privações. Foi lançado na prisão por duas vezes (Jr 37,38), foi levado forçadamente para o Egito (Jr 43), foi rejeitado por seus vizinhos (Jr 11.19-21), sua família (Jr 12.6), e pelos reis (Jr 36.23).
Cisterna, vem do hebraico “bor”: lugar cavado, poço. É um termo usado 67 vezes no Antigo Testamento, e a cisterna era um lugar onde era guardada água potável. A maioria dessas cisternas eram reservatórios cobertos, escavados na terra ou na rocha, para onde escorria o excesso das águas da chuva e guardadas para serem usadas no período da seca na Palestina que abrangia entre maio e setembro. Uma cisterna seca e abandonada podia ser usada como cárcere, conforme vemos com José e com Jeremias (Gn 37.22; Jr 38.6). Por sua vez, cisternas rotas eram cisternas rachadas, que não guardavam a água e não a mantinham limpa. Qualquer viajante que se aproxima de uma cisterna rota percebe que não há água potável. Apesar de todo trabalho dos que a escavaram, foi inútil, pois não há esperança nessa cisterna para os que a procuram.
O texto supracitado chama a nossa atenção para dois males que Judá estava cometendo: deixaram o manancial de águas vivas e cavaram cisternas rotas.

1- O POVO ABANDONOU O SENHOR, A FONTE DE ÁGUAS VIVAS – Jr 17.13
Deus é a fonte de água viva, nossa vida depende dele. Sem Deus você não vive. Deus é a fonte de vida abundante, Deus não é uma cisterna, mas uma fonte. Uma cisterna apenas armazena água, mas uma fonte produz água. A água corre da fonte. A fonte é inesgotável. A fonte tem água viva, água limpa, água cristalina, água que flui abundantemente. Isso é um símbolo da vida que Cristo nos oferece. Quem nele crer tem uma fonte a jorrar para a vida eterna. Quem nele crer nunca mais terá sede.
Judá abandonou o Manancial de águas vivas. Foi uma rejeição lenta, por dias sem fim. Um esquecimento despercebido, devagar, aos poucos: cedendo um pouco aqui, um pouco ali; não falando de Deus aos filhos conforme ordenava a lei mosaica; levando um cordeiro desqualificado para o sacrifício, realizando um ritual vazio, sem sentido espiritual, apenas na aparência; esqueceram das ofertas alçadas; esqueceram dos pobres e necessitados; perderam-se na prostituição. O pecado do povo é tão grave que até os céus ficam espantados e são tomados como testemunhas (Jr 2.12). É algo simplesmente inacreditável! Israel saiu da direção de Deus e procurou o Egito e a Assíria. Fez isso pensando que seria lucro, mas foi uma grande perda; pensaram que seria uma benção, mas receberam o castigo; pensaram que sairiam saciados mas ficaram mais sedentos (Jr 2.17-19).
Se Deus é o manancial das águas vivas, por que o seu povo o abandona? Muitas vezes, o povo tem se cansado de Deus. Tem sido atraído e seduzido pelo pecado, pelo mundo, pelas cisternas rotas.. Miquéias pergunta: “Povo meu, que te tenho feito? Por que te enfadaste de mim?” (Mq 6.3). O filho pródigo estava insatisfeito na casa do pai e foi para um país longínquo onde gastou tudo o que tinha vivendo dissolutamente. Após perder tudo percebeu que na casa do pai havia uma fonte inesgotável onde até os menos favorecidos tinham oportunidade para servir-se (Lc 15.11-32).

2- O POVO DE DEUS CAVOU CISTERNAS ROTAS QUE NÃO RETEM AS ÁGUAS
Ao invés de aproveitar os abundantes rios da Palestina, Israel estava cavando cisternas que não retinham as águas e cujas águas não eram saudáveis, causando varias doenças. A essa prática chamamos irracionalidade, loucura, autodestrutibilidade.
Por afastarem de Deus, eles cavaram cisternas rotas, quebradas, rachadas que além de não reterem as águas deixando vazar, eram cisternas em que a conservação da água ficava comprometida.
Eis o perigo de ser seduzido por algo artificial. Israel deixou o Senhor e se deixou ser seduzir por ídolos. Israel pensou: o nosso Deus é muito exigente. Queremos uma religião que nos custe menos, que nos dê mais liberdade, que não nos cobre tanto. Queremos ser livres como os outros povos para fazermos conforme a nossa própria vontade sem nos sentirmos feridos pela nossa consciência.
Cisternas rotas é a maneira humana de satisfazer suas necessidades espirituais. São Doutrinas segundo as suas próprias concupiscências capazes de amontoar mestres segundo seus próprios desejos e ambições. (II Tm 4.3). É a busca desenfreada por prazer nas coisas do mundo e um tipo do cristão que nunca guarda o que lhe é confiado (II Tm 1.14; Ap 3.11). É a aceitação do sincretismo religioso, que condensa um pouco de tudo, trazendo uma opção religiosa um pouco mais interessante. A teologia da prosperidade com suas inovações materialistas e cheias de “sementinhas” no seu bojo, nocauteando grandes lideranças que ficam assoberbadas com a garantia do dinheiro fácil.
Cisternas rotas falam da constante inversão de valores entre os cristãos pós modernos. O que era pecado, já não é mais. O que dantes prejudicava, agora parece fazer bem. Os cultos foram transformados em shows, os pregadores e cantores em estrelas pop stars, a adoração genuína em louvorsão ritmado com músicas frenéticas com letras carregadas de heresias e manipuladoras da grande massa. A igreja vira clube, o pastor que deveria ser profeta e denunciar essa inversão, pelo contrário, se deixar levar pela nova onda, pois percebe que dessa forma é mais fácil enriquecer em nome de uma fé operante totalmente distorcida daquela apresentada pelas sagradas escrituras. Os programas evangélicos de TV sob o pretexto de evangelizar, fazem grandes campanhas de sementes, num discurso que até parece ouvirmos os vendedores de indulgencias dos dias de Lutero. A oração que nos eleva até a presença do Altíssimo tem sido substituída por um determinismo condenável do tipo “eu determino”, “eu ordeno”, “eu exijo”, “eu reivindico”, como se fossemos nós a mandarmos nos desígnios do Eterno.
Ao preferir cisternas rotas, o povo alimenta-se de pó ao invés de beber da fonte. Quem troca o Senhor por outras fontes pode morrer de sede. Por causa da água que bebemos das cisternas, vivemos dias de completa insensatez, de extrema loucura. Negamos a veracidade de Deus e abandonamos o Senhor por completa ignorância das Escrituras (Os 4.6). Cavar cisternas rotas gera fadiga, exaustão, desilusão.

Até quando vamos ficar reivindicando cabritos para festejar, se desfrutamos da agradável companhia do pai? (Lc 15.29-31). Até quando vamos morrer de sede, se Cristo nos oferece água que jorra para a vida eterna? (Jo 4.10,13,14). Precisamos compreender que Deus é a fonte de águas vivas e somente Ele prove água capaz de transmitir vida (Is 55.1; Jo 4.10; 7.37-38). Precisamos entender que: O conteúdo vale mais que a aparência; a família vale mais que o serviço cristão; a igreja vale mais que os outros lugares; a Palavra de Deus vale mais que as experiências pessoais; e o Criador vale mais que a criatura.

Mensagem pregada pelo Pastor Sérgio Pereira no Culto de Edificação Espiritual na Assembleia de Deus do Distrito 8 – Shalom/Espinheiros, Joinville (SC), em 04/05/2010.