quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Cristão e as Festas Juninas

Por Pastor Sérgio Pereira

A origem de tais festividades remonta à antiguidade, quando se prestava culto à deusa Juno da mitologia romana. Os festejos a esta deusa eram denominados Junônias, atualmente festas juninas. Segundo a mitologia romana Juno era a protetora do casamento, do parto e sobretudo da mulher em todos os aspectos da sua vida, assemelha-se à deusa grega Hera, com quem foi universalmente identificada. Juno, na mitologia romana, era a principal deusa e a contrapartida feminina de Júpiter, seu irmão e marido. Com Júpiter e Minerva, formava a tríade capitolina de divindades difundidas pelos reis Etruscos, cujo templo se erguia no Capitólio, em Roma. Recebeu vários epítetos, segundo os papéis que desempenhava, como, por exemplo: Juno Iterduca, que conduzia a noiva à nova casa; Juno Lucina, a deusa do parto, que auxiliava o nascimento das crianças; Juno Natalis, que presidia o nascimento de cada mulher; e Juno Matronalis, que protegia a mulher casada. Tornou-se um anjo da guarda feminino, assim como todo homem possuía seu "gênio", toda mulher tinha sua "juno". Sua festa principal era a Matronália, celebrada em 1º de março, data em que mulheres casadas se reuniam e levavam oferendas ao templo de Juno Lucina, trazendo inspiração para o Catolicismo Romano que colocou tais festividades no mês de junho. As representações de Juno variavam de acordo com o epíteto escolhido. Com maior frequência, era representada de modo semelhante à grega Hera, de pé e como matrona de austera beleza, às vezes com características militares. Quando o cristianismo foi implantado na Europa, depois de muito relutar, a Igreja Romana aceitou algumas das festas pagãs, entre elas as Junônias.
Outra fonte diz-se que as festas juninas são de origem europeia, e que fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a Festa Junina do dia de "Midsummer" (24 de Junho) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a Festa Junina é o traço comum que une todas as festas de São João europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França). Estas celebrações estão ligadas às fogueiras de Páscoa e às fogueiras de Natal. Uma lenda católica cristianizando a Festa Junina pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.
Para os brasileiros as festas juninas são uma herança portuguesa resultante dos cultos pagãos em louvor a terra, com a data de nascimento de São João. Sua origem foi influenciada por festas bárbaras e pagãs, com fogueiras e queimas de fogos para afugentar os maus espíritos. Começaram nos campos e plantações, daí os trajes típicos de caipiras e sinhazinhas, com casamento de roça, discurso do padrinho, as capelinhas decoradas, etc. Mais tarde as festividades tomaram um cunho religioso com apresentação de tradições locais, influenciada pelas lendas e hábitos do populacho.
Se tivermos as suas origens na mitologia romana, veremos tal festividade sendo categoricamente condenada por Jeremias no texto que segue:
“Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes; pois eu não te ouvirei. Não vês tu o que eles andam fazendo nas cidades de Judá, e nas ruas de Jerusalém? Os filhos apanham a lenha, e os pais acendem o fogo, e as mulheres amassam a farinha para fazerem bolos à rainha do céu, e oferecem libações a outros deuses, a fim de me provocarem à ira. Acaso é a mim que eles provocam à ira? diz o Senhor; não se provocam a si mesmos, para a sua própria confusão? Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que a minha ira e o meu furor se derramarão sobre este lugar, sobre os homens e sobre os animais, sobre as árvores do campo e sobre os frutos da terra; sim, acender-se-á, e não se apagará. Assim diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Ajuntai os vossos holocaustos aos vossos sacrifícios, e comei a carne. Pois não falei a vossos pais no dia em que os tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei: Dai ouvidos à minha voz, e eu serei o vosso Deus, e vós sereis o meu povo; andai em todo o caminho que eu vos mandar, para que vos vá bem” (Jr 7.16-23).
O costume dessas festas é movido pela tradição romana. Tais festas são uma forma de culto aos santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antonio. João Batista e Pedro jamais aceitaram adoração ou veneração (Jo 3.23-30; At 10.25,26). O costume é religioso e movido pela tradição Católica, por mais que elas tragam brincadeiras que agradem nossas crianças, o perigo é que as tradições e costumes possam entrar na vida dos pequeninos, o povo de Israel sofreu com os costumes de povos que o próprio Deus pediu para não se envolver com eles. Observe o que Paulo escreve:
“Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo” (Cl 2.8)
Como cristãos não somos contra as festas, pois somos um povo festeiro, mas antes de participarmos de qualquer festa necessitamos avaliar qual é a sua finalidade. Não concordamos com os princípios das “inocentes festas juninas” que sorrateiramente tem-se recebido permissão de muitos cristãos e até de pastores, daí não entendermos o porquê de nossos filhos não terem mais desejo pela Bíblia, ou por servir ao Senhor Jesus.
Alguns pais de minha igreja tem-me perguntado: Meu filho é obrigado a participar da festa junina porque vale nota no boletim! Este tem sido um problema para muitos pais evangélicos. No Inciso 5º da Constituição Federal reza o seguinte: "é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais dos cultos e suas liturgias".
Por fim consideremos que o Brasil é o maior país agrícola do mundo. No entanto, importamos alimentos, arroz, feijão, trigo, café, cacau etc. Deveríamos exportar, pois temos terras de excelente qualidade. Um dos problemas da falta de produção agrícola é a desvalorização do "homem do campo" que é humilhado nas festas juninas. As Festas Juninas humilham as pessoas do campo; o caipira quando não é banguela é desdentado, seu andar é torto, corcunda por causa da enxada, a botina é furada, suas roupas são rasgadas e remendadas, um pobre coitado. A Bíblia diz: “Quem caçoa do pobre insulta a Deus, que o fez” (Pv 17.5).

CURIOSIDADES: VOCÊ SABIA?
QUADRILHA. Que a quadrilha é uma dança de origem francesa? Foi trazida ao Brasil no início do século XIX passando a ser dançada nos salões da corte e da aristocracia brasileira. Com o passar do tempo, deixou a nata da sociedade e incorporou-se às festas populares gerando, assim, suas variantes no interior do país.
PIROLÁTRICOS. Você sabia que os cultos pirolátricos são de origem portuguesa? Antigamente, em Portugal, acreditava-se que o estrondo de bombas e rojões tinha como finalidade espantar o diabo e seus demônios na noite de São João. Atualmente, no mês de junho intensifica-se o uso desses artifícios, porém, desassociado dessa antiga crendice.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O CONHECIMENTO INCHA

POR PASTOR SÉRGIO PEREIRA

“A Ciência incha, mas o amor edifica” (I Co 8.1)

Não sei se estou mais crente ou menos crente, mas a verdade é que estou cansado. Cansado de ver tanta agressividade em torno de debates intermináveis em cima de uma pseudo apologia da fé cristã. Cansado de ver renomados teólogos e apologistas como se estivessem numa arena na época dos gladiadores, onde cada qual quer fazer tinir sua espada com mais vibração do que o outro.
Os constantes debates em cima de coisas tão absurdas me fazem enojar de tudo o que estão chamando de cristianismo ou defesa da fé. São debates sobre pregações, canções, letras e melodias, cada qual querendo ser mais sábio do que o outro, querendo demonstrar ser mais versátil na teologia do que o outro, e por aí vai. Isso me cansa, me causa dor, me entristece, porque ao invés de estarmos aproveitando nossos conhecimentos para a conquista de almas e o crescimento do Reino de Deus na terra, estamos nos enfrentando dentro do Reino, nos matando e nos enfraquecendo mutuamente.
O Apóstolo Paulo, no texto supracitado está falando das coisas sacrificadas, e em tal contexto precisamos entender que a cidade de Corinto era influenciada pelo poder idolátrico e pela filosofia da Grécia, com seus milhares de deuses de toda espécie. Um certo comentador romano informou que havia mais de trinta mil deuses na Grécia. Portanto, havia deuses para todo tipo de coisas e gostos. Além disso parece que os crentes coríntios se orgulhavam de seus conhecimentos filosóficos, daí a razão pela qual Paulo afirmar que “a ciência incha”. A impressão é que as pessoas estavam condenando umas às outras, por isso, o conhecimento (a ciência) nunca resolveria a questão, pois onde há argumentação, o conhecimento só “incha”, tornando cada um mais seguro de sua posição. Sem amor, nosso conhecimento até mesmo das verdades espirituais produz orgulho, arrogância e presunção, nossa resposta inteligente só humilha o outros à medida que nos incha.
Este é o desafio que urge que entendamos: nosso conhecimento destituído do genuíno amor cristão e da compreensão tolerável dos limites do meu irmão, não produzirá mudanças, pelo contrário inchará, ou seja, nos fará arrogantes, presunçosos, orgulhosos de nossas cátedras e inteligência.
Na vida pouco importa o que somos ou o que pensamos saber, nosso conhecimento é incompleto quando destituído de amor. Nenhum de nós sabe o que realmente devemos saber para resolver inúmeras questões.
Gosto muito do que Hernandes Dias Lopes diz: “Não somos uma ilha. Nossas palavras, ações e reações afetam as pessoas a nossa volta. Vivemos em comunidade, por isso nossas atitudes nunca são neutras. Elas ajudam ou estorvam as pessoas. Nossa conduta não deve ser regida apenas por nossas opiniões. Precisamos levar em conta, também, as pessoas que estão perto de nós. Nossa ética é governada pelo amor e não apenas pelo conhecimento. Nem todos na comunidade têm o mesmo conhecimento e a mesma consciência que temos”.
E mais: “A ética cristã é regida não só pelo conhecimento que você tem, mas pelo amor que você nutre pelo seu irmão. Se a sua atitude provoca e escandaliza seu irmão, você está pecando contra ele, golpeando-lhe a consciência fraca”. (I Corintios, Como resolver conflitos na Igreja, Hernandes Dias Lopes, Editora Hagnos, pág. 154).
Façamos nossa parte: amemos, amemos e amemos! Deus se encarregará de mudar os intoleráveis, transformar os hereges, e restaurar os falsos profetas.
Temos nos tornado exibicionistas de plantão, ostentadores de conhecimento, mas destituídos de amor, de compreensão, de espiritualidade e acima de tudo de uma vida piedosa e santa. Precisamos deixar de querer transformar as pessoas à força, isso não funciona, lembremo-nos das palavras de Zacarias: “Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6).
Levemos nossas intolerâncias aos pés da cruz, destituímo-nos de nossos achismos teológicos, de nossas posições quase sempre equivocadas, e unamo-nos em prol do crescimento do Reino e acima de tudo para o louvor do Grande Rei e Senhor!
Que o Santo Deus tenha piedade de nós!