quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Aspectos da Ética do Novo Testamento

A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

A visão ética do Novo Testamento é normativa para a comunidade dos santos, ou seja, a Igreja. Essa visão enraíza-se na proclamação do reinado de Deus por Jesus e no anúncio de Paulo da justiça salvífica de Cristo. Ela tem também exigências específicas feitas dentro de circunstâncias históricas muito concretas. Os cristãos contemporâneos devem se empenhar no processo contínuo de reflexão ética e estabelecer pontos de comunicação entre eles e a sociedade mais ampla. Agindo assim, comunicarão a outros aquilo em que crêem. A visão moral do crente, porém, deve enraizar-se primariamente no Novo Testamento.

Extratos Éticos do Sermão da Montanha
A face mais visível do Reino de Deus é chegada com o ministério de Jesus Cristo e a “legislação” desse reino é sintetizada de uma maneira primorosa no Sermão do Monte. Diferente dos demais rabinos que se limitavam apenas em interpretar a Lei segundo suas tradições. Jesus se dirige aos seus discípulos e a multidão com a autoridade daquele que além de interpretar a Lei ousa ampliá-la e aprofundá-la. A seguinte expressão: “ouvistes o que disseram os antigos, eu porém vos digo...” demonstra a autoridade do Rei que pode emendar, suprimir ou substituir sentenças segundo a sua vontade.
O ensino ético de Jesus é propagado em oposição ao ensino dos escribas e fariseus que possuíam uma espécie de monopólio do sagrado entre o povo comum. A severidade e o rigor no cumprimento das inumeráveis filigranas da interpretação rabínica da Lei pelos fariseus, conferiam-lhes “status espiritual” privilegiado entre a raia miúda. Evidentemente isso se revertia em vantagens sociais e econômicas.
A figura da realeza de Jesus subvertia a ordem social. O que se entendia como sinais de um reino terreno sistematicamente sofria um desmonte conceitual através dos eventos da vida de Jesus: manjedoura, família comum, discípulos do povo, montaria no jumentinho, lava pés. Ou através de seu ensino: o bom samaritano, o jovem rico, crianças e o reino, etc.
A mensagem libertadora do Reino de Deus é apresentada ao povo sem a necessidade da intermediação do clero corrompido e distante da realidade dos marginalizados da religião. A mensagem da parábola do bom samaritano quebra os paradigmas da religiosidade judaica quando mostra a insuficiência e o descaso do clero em ajudar a pobre vítima do pecado.
Valores do reino de Deus Expressos no Sermão do Monte
A Felicidade do Discípulo (Mt 5.1-12).
“Bem aventurados...” esta expressão ocorre nove vezes no Evangelho de Mateus, traduzida do grego makarios também significa feliz. Cada versículo das bem-aventuranças possui duas partes distintivas: a primeira seguida da palavra makarios acrescentando uma qualidade: atitude, comportamento, experiência de vida. A segunda parte consiste de um motivo. Surge a questão: a felicidade do discípulo está contida na primeira parte ou na segunda? Ou, o discípulo é feliz por causa da sua atitude ou dos motivos? Uma resposta adequada a essa questão encontramos no texto de Carlos Queiroz: “A felicidade do discípulo está centrada na arte de viver como luz do mundo – portanto, como quem já tem a virtude em si e, como consequência, já não depende da ação do outro para ser o que é...Ele ama porque é assim o seu modo de ser; tem fome e sede de justiça porque é assim natureza de seus apetites; é pacificador porque a paz é fruto da sua essência de vida.”
Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5.13-16). John Stott sintetiza de uma forma interessante o significado dessas duas expressões de Jesus. O sal no mundo antigo era fundamental. Em uma época sem as facilidades de refrigeração que possuímos atualmente o sal tinha como finalidade precípua a conservação de alimentos. O discípulo então teria o papel de evitar a deterioração das instituições sociais e políticas (família, escola, igreja, governo). A função do farol era a de iluminar as embarcações para evitar o naufrágio e assim chegar ao porto seguro. Tal como o farol o discípulo sinaliza a salvação de Deus em meio a tormenta deste mundo tenebroso.
A Auto Mutilação (Mt 5.21-32). O discípulo se caracteriza por não pertencer a este mundo e não possuir seus valores. Paulo em Rm12.1-2 nos exorta a não tomarmos a forma dos padrões corruptos do sistema maligno que controla este século. Enquanto os religiosos de sua época se limitavam a aparentar santidade em suas relações, configurando o pecado apenas quando acontece o ato. Jesus destaca a origem do pecado nas motivações interiores. Desta forma Ele denunciava como igualmente pecadores diante de Deus: o assassino e o ofensor, o adúltero e o lascivo. Como no episódio da mulher adúltera, pecadores flagrados ou pecadores escondidos são igualmente passíveis de condenação e por isso necessitados de arrependimento. Na questão do olhar podemos afirmar que: o ímpio desnuda a mulher com seus olhos, o religioso busca cobri-la e o discípulo cuida dos seus olhos. O discípulo que mutila os seus desejos pecaminosos no coração age preventivamente.
O Uso Publicitário da Fé (Mt 6.1-21). Práticas tão comuns e tão necessárias para desenvolvermos nossa vida cristã como jejum, oração e esmolas são reavaliadas por Jesus no Sermão do Monte. Seguindo a mesma lógica da motivação do coração, o Senhor denuncia o exercício de atitudes reconhecidas como piedosas como forma de obter prestígio diante dos homens. Pode parecer contraditório, mas é possível realizar manifestações “poderosas”, performances plasticamente perfeitas e “santas” com o único objetivo de se projetar socialmente diante dos demais. O risco da falsificação ministerial é apontado por Jesus constantemente aos apóstolos e discípulos. Lembramos que um dos apóstolos, Judas tinha interesses escusos mesmo sendo um dos doze escolhidos por Jesus.
A Solidez do Ensino de Jesus (Mt 7.24-27). A vida cristã não se caracteriza por demonstrações gratuitas de carismatismo, pirotecnias ou espetáculos para atrair incautos. Os valores do Reino se distinguem pela permanência, estabilidade e capacidade de resistir às intempéries. O discípulo tem a segurança da vida eterna, a presença real do Espírito Santo e sentido para a sua vida terrena (vocação). As bases da mensagem cristã são profundas e vividas a partir da regeneração promovida por Deus no momento da conversão. O cristão não se esforça para ser filho de Deus, porque ele já o é. Seu crescimento naturalmente ocorre em direção à eternidade através de uma vida santa. Quem tem seus fundamentos baseados em um conhecimento teórico do evangelho ou busca viver de acordo com a justiça própria está construindo seus alicerces em terreno arenoso. Certamente não subsistirá, a mensagem do evangelho só pode ser vivida por pessoas que verdadeiramente nasceram de novo.
Por Pastor Sérgio Pereira (adaptado)

Masturbação é Pecado?

Definimos masturbação como sendo a auto-satisfação provocada pelo contato das mãos com o órgão sexual, terminando em orgasmo, sem, contudo ter acontecido a relação sexual.
Não é uma indicação de distúrbio de personalidade, nem tampouco indício de distúrbio mental. Há algum tempo atrás os médicos condenavam a prática como algo prejudicial e até mesmo associada a desvios mentais. Talvez a medicina chegasse a tal conclusão ao observar que alguns pacientes mentais entregavam-se obsessivamente a masturbação. O problema da masturbação é tão velho quanto à natureza humana. O registro histórico da desaprovação do ato remonta ao tempo do “Livro dos Mortos” dos antigos egípcios, que data de 1550 a.C. Pelo código moral dos antigos judeus ortodoxos, era considerado um dos pecados mais graves. Em 1770, foi considerada uma das causas da loucura, e responsável por “encolhimento do cérebro”. O remédio sugerido na época foi uma dieta especial e banhos frios. Atualmente os médicos não consideram a prática prejudicial, a menos que provoque ansiedades ou depressão.
A nova escola de pensamento insinua que a masturbação é um ato natural que deve ser aprovado e até mesmo encorajado. A igreja ainda tenta evitar uma confrontação aberta sobre este assunto. Nosso silêncio tem prejudicado milhares de jovens cristãos. Temos sido covardes, omissos, cômodos e prejudiciais através do nosso silêncio. A masturbação não é um dom divino para que o indivíduo possa liberar o impulso sexual. Não é um ato normal e não é sancionado pela Bíblia Sagrada. A Bíblia não contém nenhum texto específico esclarecendo esse assunto, porém analisando o contexto sagrado entendemos ao pé da letra que a prática da masturbação é pecado e aquele que a pratica pode perder a sua salvação.
Faço a seguinte pergunta neste artigo: porque como cristão não posso masturbar-me? Respondo:
(1) porque a masturbação torna-se uma fuga da realidade da vida;
(2) porque a masturbação cria sentimentos de culpa e de inferioridade causando derrota espiritual;
(3) porque a masturbação torna-se um hábito ao ponto, de exercer controle sobre o individuo;
(4) porque a masturbação nos leva ao pecado de cobiça (Ex 20.17; Mt 5.28);
(5) porque a masturbação viola a consciência na área da liberdade cristã (Rom 14).
Para se ter vitória sobre a prática da masturbação, aconselho o leitor a esquecer-se de tudo o que você tenha feito no passado, a parar de fazer promessas a si mesmo, a Deus ou a seus pais, se estes o apanharem no ato; a lembrar-se de que você não é um(a) tarado(a), um impuro e muito menos um maníaco pelo fato de ter-se masturbado; desfaça-se de tudo que leve você a essa prática como: revistas pornográficas, filmes eróticos, sites da internet, etc.; procure não ficar desocupado, passe mais tempo lendo a Bíblia e leia bons livros, lembrando-se de que “mente desocupada é oficina do diabo”. Se cair na prática, confesse a si mesmo e a Deus, esqueça o acontecido e siga em frente.
Deus não quer que você fique fazendo promessas de parar. Não é desejo dele que você lute sozinho nessa batalha. Ao invés de sentir-se envergonhado e culpado, levante a cabeça e diga a si mesmo: “está certo, errei, mas vou prosseguir, vou conseguir superar isso, não estou amarrado, vou lutar até me libertar completamente”. Com oração e um pouco de esforço o hábito de se masturbar será substituído por outras práticas edificantes. Deus entende o problema e sabe por que você o pratica. Não se condene mais. Levante a cabeça e tenha fé no seu Deus.
Pr. Sérgio Pereira

sábado, 15 de novembro de 2008

Ainda Sou do Tempo...

Recebi um e-mail contendo esta reflexão do Pastor Wagner Antonio de Araújo da Igreja Batista Boas Novas de Osasco (SP) e resolvi postar aqui por concordar com a análise feita pelo referido pastor. Realmente o que tem ocorrido no meio evangélico tem provocado náuseas e inquietações em muitos cristãos comprometidos com Deus e com a sua Palavra. O texto é extenso mais vale a pena ler. Observem o texto a seguir:
Ainda sou do tempo em que ser crente era motivo de críticas e perseguições. Nós não éramos muitos, e geralmente éramos considerados ignorantes, analfabetos, massa de manobra ou gente de segunda categoria. Os colegas da escola nos marginalizavam. Os patrões zombavam de nós. A sociedade criticava um povo que cria num Deus moral, ético, decente, que fazia de seus seguidores pessoas diferentes, amorosas, verdadeiras e puras. Não era fácil. Mas nós sobrevivemos e vencemos. Sinto falta daquela perseguição, pois ela denunciava que a nossa luz era de qualidade, e ofuscava a visão conturbada de quem não era liberto. E, por causa dessa luz, muitos incrédulos foram conduzidos ao arrependimento e à salvação. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que os crentes não tinham imagens em suas casas, em seus carros ou como adereços de seus corpos. Nós não tatuávamos os nossos corpos e nem colocávamos "piercings" em nossa pele. Críamos que os nossos corpos eram sacrifícios ao Senhor, e que não nos era lícito maculá-los com os sinais de um mundo decadente, um deus mundano e uma cultura corrompida. Dizíamos que tatuar o corpo era pecado. Não tínhamos objetos de culto em nossas igrejas. Aliás, esse era um de nossos diferenciais: nós éramos aqueles que não admitiam imagens em lugar algum. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que pornografia era pecado. Nós não considerávamos fotos eróticas ou filmes pornô um "trabalho profissional", mas uma prostituição do próprio corpo e uma corrupção moral. Ao nos convertermos, convertíamos também os nossos olhos, e abandonávamos as revistas pornográficas, os cinemas de prostituição e os teatros corrompidos. Os que eram adúlteros se arrependiam e pagavam o preço do que fizeram, e começavam vida nova. Os promíscuos mudavam seu comportamento e tornavam-se santos em todo o seu procedimento. Nós, os adolescentes, deixávamos os namoros e os relacionamentos orientados pelos filmes mundanos, e primávamos por ser como José do Egito, que foi puro, ou o apóstolo Paulo, que foi decente. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nos vestíamos adequadamente para o culto. Aliás, além do nosso testemunho moral, nós nos identificávamos pelas roupas. Se pentecostais, usávamos roupas sociais bastante formais, e éramos conhecidos aonde quer que íamos, pois ninguém mais se vestia tão formalmente assim em pleno domingo à tarde. Se de outras denominações, como eu, não chegávamos a esse extremo, mas nos trajávamos socialmente, com o melhor que tínhamos, dentro de nossas possibilidades, porque críamos que, se íamos prestar um culto a Deus, a ocasião nos exigia o melhor, e buscávamos dar o melhor para Deus. Era a famosa "roupa de missa", "roupa de igreja". Mesmo pobres, tínhamos o melhor para Deus. E sempre algo decente: camisas sociais, calças bem passadas, um sapato melhor conservado, um blaizer ou uma blusa bem alinhada. As mulheres usavam seus melhores vestidos, suas melhores saias e seus conjuntos mais femininos. Mas hoje é diferente.
Ainda sou do tempo em que nossos hinos falavam de Cristo e da salvação. Cantávamos muito, e nossas músicas não eram tão complexas como as de hoje. Mas todos acabávamos por decorá-las. Suas mensagens eram simples e evangelísticas: "foi na cruz, foi na cruz", "andam procurando a razão de viver"; "Porque Ele vive, posso crer no amanhã", "Feliz serás, jamais verás tua vida em pranto se findar", "O Senhor da ceifa está chamando"; "Jesus, Senhor, me achego a ti", "Santo Espírito, enche a minha vida", "Foi Cristo quem me salvou, quebrou as cadeias e me libertou", etc. Não copiávamos os "hits" estrangeiros, ou as danças mundanas, mas buscávamos algo clássico, alegre, porém, solene. E dançar o louvor? Jamais! Não ousávamos, nem queríamos; nunca soubéramos que o louvor era "dançante"; as danças deixamos em nossas velhas vidas mundanas. Porém, mesmo não as tendo, éramos alegres e motivados. Mas hoje é diferente.Ainda sou do tempo em que as denominações e igrejas tinham personalidade. As denominações eram poucas e bastante homogêneas. Sabíamos que a Assembléia de Deus era pentecostal e usava indumentária formal; os presbiterianos eram os melhores coristas que existiam; os adventistas tinham uma fé estranha, numa profetisa semi-contemporânea, mas tinham os melhores quartetos masculinos; os melhores solistas eram batistas, etc. Nossas liturgias eram bastante diferentes: os conservadores eram formais, seus cultos silenciosos, enquanto um orava, os outros diziam amém. Já os pentecostais oravam todos ao mesmo tempo e cantavam a Harpa Cristã. Nós nos considerávamos irmãos, não há dúvida. Mas tínhamos personalidade. Hoje tudo é diferente.E eu não sou velho! Isso tudo não tem 26 anos ainda! Na década de 80 ser crente era ser assim! Meu Deus, como o mundo mudou! Como a chamada Igreja Evangélica se deteriorou! Hoje eu sinto vergonha de ser considerado evangélico!
Hoje é moda ser crente, ou melhor, "gospel". Você é artista pornô, mas é crente. Você é do forró pé-de-serra, mas é crente. Você é ladrão, mas é crente. Você é homossexual assumido, mas é crente. Não importa a profissão, o comportamento, a moral, a índole, ser crente é apenas um detalhe. Aliás, dá cartaz ser crente: hoje muitos cantores "viram crentes" pra vender seus CD's encalhados, pois o "povo de Deus" compra qualquer coisa. Não há diferença entre o santo e o profano, o consagrado e o amaldiçoado, o lícito e o proibido, o justo e o injusto. Qualquer coisa serve. O púlpito pode ser uma prancha de surf, uma cama de motel ou um palanque eleitoral; a forma não importa. Ser crente é apenas um detalhe, uma simples nomencalatura religiosa.
Hoje os crentes tatuam as suas peles, mesmo sabendo que a Bíblia condena o uso de símbolos e marcas no corpo de quem se consagra a Deus. Criamos nossos próprios símbolos, nossos próprios estigmas e nossas próprias tribos. Hoje há denominações que dão opções de símbolos para que seus jovens se tatuem. O "piercing" deixou de ser pecado, e passou a ser "fashion", e está pendurado na pele flácida de roqueiros evangélicos e "levitas" das igrejas, maculando a pureza de um corpo dedicado ao Deus libertador. Mulheres há que enchem seus umbigos e outras partes de pequenas ferragens, repletas de vaidade e erotismo mundano, destruindo, assim, qualquer padrão cristão de consagração corporal. Meninos tingem seus cabelos de laranja, e mocinhas destróem seus rostos com produtos, pois agora todo mundo faz, e "Deus não olha a aparência". (Ainda bem, pois se olhasse, teria ânsia de vômito...)
Hoje ir à igreja é como ir ao mercado ou às barracas de feira e de artesanato: um evento efêmero, informal, meramente turístico. Não há mais cuidado algum no trajo cultuante. Rapazes vão de bermudas, calções (e, pasmem os senhores, de sungas!), até sem camisa, porque Deus não é "bitolado, babaca ou retrógrado". Garotas usam suas mini-saias dos "rebeldes" e exibem umbigos cheios de "piercings", estrelinhas e purpurinas pingando dos cabelos e roupas, numa passarela contínua do modismo eclesiástico. Se alguém ainda vai modestamente ao culto, seja jovem, seja velho, ou é "novo convertido", ou é "beato". É típico encontrarmos pastores dizendo aos "engravatados": "Pra que isso, irmão? Vai fazer exame laboratorial?" E, continuamente, vão demolindo qualquer alicerce de reverência e solenidade para o ato do culto.
Hoje as nossas músicas pouco falam de Cristo. Somos bitolados por um amontoado de "glórias", "aleluias", "no trono", "te exaltamos", "o teu poder", etc. Misturamos essas expressões, colocamos uma pitada de emoções, imitamos os ícones dos megaeventos de louvores, e gravamos o nosso próprio cd, que, de diferente, tem a capa e o timbre de algumas vozes, talvez alguns instrumentos, mas, no mais, não passam de cópias das cópias das cópias. E Jesus? Ah, quase nunca o mencionamos, e, quando o fazemos, não apresentamos qualquer noção do que Ele é ou representa para o nosso louvor. Não falamos mais que Ele é o caminho, a verdade e avida, não o apresentamos como Senhor e Salvador, não informamos ao ouvinte o que se deve fazer para tê-lo no coração, apenas citamos seu nome ou dizemos um aleluia para ele.
Hoje, entrar em uma igreja é como ter entrado em todas: é tudo igual. O mesmo sistema, as mesmas cantorias, a seqüência de eventos, os rituais emocionais, as pregações da prosperidade, de libertação de maldições ou de mega-sonhos "de Deus" (como se Deus precisasse sonhar, como se fosse impotente ou dependente da vontade humana). Transformamos nossas igrejas em filiais de uma matriz que não sabemos nem aonde fica, mas que se representa nas comunidades da moda. Não há mais corais, não há mais solistas, não há mais escolas dominicais fortes, não há mais denominações com características sólidas, não há mais nada. Tudo é a mesma coisa: uma hora e meia de "louvor", meia hora de "ofertas" e quinze minutos de "pregação", ou meia hora de "palavra profética e apostólica". Que desgraça!
Hoje trouxemos os ídolos de volta aos templos: são castiçais, bandeiras de Israel, candelabros, reproduções de peças do tabernáculo do velho testamento, bugigangas e quinquilharias que vendemos, similares aos escapulários católicos que tanto criticávamos. Hoje não nos atemos a uma cruz sem Cristo, simbólica apenas. Hoje temos anjinhos, Moisés abrindo o Mar Vermelho, Cristo no sermão da Montanha. O que nos falta ainda? Nossas bíblias, para serem boas, têm que ser do "Pastor fulano", com dicas de moda, culinária, negócios e guia turístico. Hoje temos bíblias para mulheres, para homens, para crianças, para jovens, para velhos, só falta inventarmos a bíblia gay, a bíblia erótica, a bíblia do ladrão, a bíblia do desviado. Bíblias puras não prestam mais. E, mesmo tendo essas bíblias direcionadas, QUASE NINGUÉM AS LÊ! Trazemos rosas para consagrar, rosas murchas para abençoar e virar incenso em casa, sal groso para purificar, arruda para encantar, folhas de oliveira de Israel e água do Rio Jordão (Tietê?) para abençoar, vara de Arão, de Moisés, e sabe lá de quem mais! Voltamos às origens idólatras! Parece o povo de Israel, que, ao morrer um rei justo, emporcalhavam o país com suas idolatrias e prostitutas cultuais. E se alguém ousa ser autêntico, é taxado de retrógrado. Com isso, surgem os terríveis fundamentalistas, que abominam tudo, ou os neopentecostais, que são capazes de transformar a igreja num circo, fazendo o povo rir sem parar ou grunir como animais.
Meu Deus, o que será daqui há alguns anos? Será que teremos que inventar um nome novo para ser evangélico à moda antiga? Parece que batista, assembleiano, presbiteriano, luterano ou metodista não define muita coisa mais! Será que ainda haverá púlpitos que prestem, pastores que pastoreiem, louvores que louvem a Deus? Será que seremos obrigados a usar "piercing" para nos filiarmos a alguma igreja? Será que nossos cultos serão naturistas? Será que ainda haverá Deus em nosso sistema religioso?
É CLARO QUE HÁ EXCEÇÕES! E eu bendigo a Deus porque tenho lutado para ser uma dessas exceções. É claro que o meu querido leitor, pastor, louvador, membro de igreja, missionário, também tem buscado ser exceção. Mas eu não podia deixar de denunciar essa bagunça toda, esse frenesi maligno, esse fogo estranho no altar de Deus! Quando vejo colegas cuspindo no povo, para abençoá-los, quando vejo pastores dizendo ao Espírito Santo "pega! pega! pega!", como se fosse um cachorrinho, quando vejo pastores arrancando miúdos de boi da barriga dos incautos doentes que a eles se submetem, quando vejo um evangelho podre arrastando milhões, quando vejo colegas cobrando dez mil reais mais o hotel, ou metade da oferta da noite, para pregar o evangelho, então eu me humilho diante de Deus, e digo: "Senhor, me proteja, não me deixa ser assim!"
Que Deus tenha piedade de nós.”

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Ficar é Pecado?

A expressão “ficar” é muito comum no meio da juventude de hoje e tem o sinônimo de flertar.
Ficar segundo o Dicionário Howaiss é “manter com alguém convívio de algumas horas sem compromisso de estabilidade ou fidelidade amorosa”. Ficar é brincar de estar amando, é o cortejo irresponsável, momentâneo, sem futuro. É um tipo de brincadeira perigosa, como quem brinca com fogo. Ficar é uma maneira de manipular alguém mediante conversas e atitudes que podem seduzir física e emocionalmente, isto sem falar na defraudação moral e emocional para com esta. Ficar por ficar é algo que foge completamente aos princípios do namoro cristão. Além do mais é muito difícil “ficar” sem que não haja um envolvimento emocional, e isso acaba machucando.
Observe as conseqüências negativas do ficar:
(1) incentiva paixões e hábitos impuros levando o jovem cristão a ser controlado por emoções e não pela Palavra;
(2) incita à infidelidade e à mentira (Jo 8.44);
(3) ataca a moral cristã, ou seja, defrauda a imagem do jovem cristão perante a sociedade e a Igreja;
(4) incentiva as paixões da carne (II Tm 2.22).
No que tange a sua vida sentimental o jovem cristão deve procurar viver de acordo com a Palavra de Deus, ou seja, orar buscando a direção do Senhor para namorar e casar e não permanecer “ficando” e se depreciando por curtos momentos de euforia e prazer. A questão do ficar leva à intimidade em que moços e moças se permitem tocar ou acariciar as partes intimas do corpo, ou através da roupa ou em contato direto. Concluo afirmando que a prática do ficar é pecado e que o jovem leitor deverá mudar seu comportamento se quiser agradar a Cristo e subir no dia do arrebatamento da Igreja. Ou você prefere “ficar”?
Por Pastor Sérgio Pereira

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Coram Deo: Perante a Face de Deus

Coram Deo, “Perante a face de Deus”, este foi o termo em latim usado pelos reformadores durante a Reforma no século XVI, para sublinhar que as intenções de Deus para o seu povo era o de santificar todos os aspectos da vida humana, inclusive as coisas mais comuns e ordinárias.
Através desta visão de vidas perante a face de Deus, mudanças sociais, políticas, econômicas e teológicas começaram a acontecer, trazendo transformações radicais às pessoas tocadas pela mensagem da Reforma. Trazendo justiça social e qualidade de vida para as nações influenciadas pela Reforma. Hoje 31 de outubro de 2008, exatos 491 anos depois de Martinho Lutero ter fixado suas 95 teses à porta da Igreja do Castelo de Wittemberg, creio vivermos numa época em que precisamos mais do que qualquer coisa de uma reforma no âmbito moral, político, religioso e social de nossa nação.
Os pilares expostos pela reforma precisam ser reafirmados e vivenciados por pessoas ávidas e sequiosas por mudanças radicais e que ensejam estar perante a face de Deus.
Os ensinamentos da Reforma podem ser resumidos em cinco pontos:
1) Somente a Palavra de Deus;
2) Somente a Graça de Deus;
3) Somente a fé;
4) Somente Cristo;
5) Somente a Deus dar glória.
Que tais ensinamentos possam estar bem vivos e gravados em nossas mentes para que experimentamos um mover sobrenatural de Deus restaurando e unindo o Corpo de Cristo, transformando-nos de tribos denominacionais em Corpo unido em um só propósito, uma só fé e um só amor.
Desejo ver uma geração sacerdotal que adore o Senhor em espírito e em verdade (Jo 4.23,24), que sejam apaixonados por Jesus, que renunciem ao pecado, que sejam rendidos à uma aliança de amor e santidade. Geração gerada em meio à glória de Deus para serem inflamadoras de corações sequiosos e necessitados de Deus.
Que a nação evangélica neste dia de aniversário da Reforma volte a estar perante a face de Deus.
Em Cristo e no amor eterno d´Ele,

Pastor Sérgio Pereira

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

CRISTÃOS EM BUSCA DOS PASTOS VERDEJANTES

Depois de três anos e meio sem chuva, o verde desapareceu, os ribeiros secaram e o solo endureceu. A fome era extrema em Samaria. Não havia comida nem para os animais. Assim o rei Acabe resolveu percorrer todas as fontes de água e todos os vales na esperança de encontrar erva suficiente para salvar seus cavalos e mulas (I Rs 18:5). Mas infelizmente, sem chuva ele não encontraria o verde em lugar algum.
O verde embeleza a natureza. Na verdade, o verde é um atestado eloqüente de que a vida continua. O verde anuncia a presença de água, e sem água não há vida. Para o viajante do deserto não existe nada mais esperançoso e confiante do que um oásis, com um pouco de água, e claro, um pouco de verde!
O conhecido salmo 23 faz menção do verde: “Ele me faz repousar em pastos verdejantes” (Sl 23:2).
Como Acabe foi atrás do verde, você caro leitor, precisa buscar os pastos verdejantes para a sua vida. É ali que você alimenta a secura interior e molha a alma em águas de descanso. É junto aos pastos verdejantes que você recupera a alegria perdida e a energia gasta, restaura sua auto estima e cura suas feridas interiores. É exatamente ali que você renova a sua comunhão com Deus e cresce na vida cristã.
Os pastos verdejantes são oásis na travessia do deserto rumo a Canaã celestial, nesse lugar você vê o verde, sente o verde, bebe o verde e enche-se de vida. Corra para Cristo porque Ele te fará repousar em pastos verdejantes!

Por Pastor Sérgio Pereira.