sábado, 12 de setembro de 2009

O Santo e o Profano

Por Pastor Sérgio Pereira

“Para fazer a diferença entre o santo e o profano e entre o imundo e o limpo” (Lv 10.10)

“Portanto, assim diz o Senhor: Se tu voltares, então, te trarei, e estarás diante da minha face; e, se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles” (Jr 15.19)

“A meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o imundo e o limpo” (Ez 44.23)


Vivemos numa época de sacralização do profano e de profanação do sagrado. Nunca antes esses elementos estiveram tão misturados como nos tempos pós modernos. Desde há tempos, tenho me preocupado com tudo o que temos colocado no sacro ambiente aqui entre nós. Tenho visto comportamentos dos mais variados no ambiente evangélico pentecostal, comportamentos exibicionistas, egocentristas, o chamado antropocentrismo. Não posso me esquecer do uso dos meios de comunicação como “palco” para expressar seus interesses pessoais, filosóficos ou ideológicos, “em nome de Deus”.
Observo a dificuldade do povo de Deus em discernir o santo e o profano. Quanta confusão se faz. Diante da falta de discernimento abrimos espaço para dois pensamentos totalmente distanciados da santidade bíblica; por um lado temos o pensamento legalista onde o caminho é tão estreito que se assemelham aos fariseus ao “coarem mosquitos e engolirem camelos” (Mt 23.24). A estes Jesus de forma peculiar os classificou como: Atadores de fardos nos ombros do outros (Mt 23.4), amantes dos primeiro assentos (Lc 11.13), estorvo da porta do reino dos céus (Mt 23.13), devoradores das casas das viúvas (Mt 23.14), dizimistas de hortelã (Mt 23.23), limpadores do exterior dos copos (Mt 23.25), sepulcros caiados (Mt 23.27), serpentes e raça de víboras (Mt 23.33). No entanto, o termo mais apropriado é aquele empregado pelo Mestre em Mt 23.24: “Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo”. Assim, aos legalistas restou a medonha denominação “coadores de mosquito e engolidores de camelos”. Por outro lado temos o pensamento perigoso do liberalismo, onde tudo, em nome de uma pseudo liberdade cristã, se é permitido. Paulo aconselha a estes assim: “Não useis, então, da liberdade para dar ocasião à carne” (Gl 5.13).
Na verdade classificaria a atual geração evangélica corrompida pela profanação de elementos sagrados e pela sacralização de elementos profanos como “coadores de mosquito e engolidores de camelos”.
Assim, côa um mosquito o pai de família que proíbe o namoro de sua filha, porém, engole um camelo pelo fato de possuir uma amante fora do lar, levando uma vida de promiscuidade. Côa um mosquito o empresário que acusa desenfreadamente o ladrão de bicicletas, porém, engole um camelo com a sonegação fiscal da sua empresa. Côa um mosquito o político que diz trabalhar em prol da sociedade, porém, engole um camelo ao envolver-se nas teias da corrupção. Côa um mosquito o irmão da igreja que cobra o uso de determinado tipo de roupa como sinal de santidade, porém, engole um camelo ao desprezar os mais necessitados que mínguam ao seu lado. Côa um mosquito aquele que cobra o pagamento do dízimo, porém, engole um camelo por não refrear sua língua, que conduz dezenas de obscenidades e mentiras. Côa um mosquito o pastor que exige padrões morais de seus membros mais humildes, engole um camelo quando encobre o pecado de seus filhos. Côa um mosquito o cristão que diz ser contra o homossexualismo e o lesbianismo, engolindo um camelo toda vez que se assenta diante da TV para ver novelas que abordam e defendem o referido tema. Côa um mosquito o crente que diz falar a verdade, mas mente na Receita Federal, mente na compra a crediário, mente ao pegar atestado de saúde para sua empresa, etc. Côa um mosquito o líder cristão que aceita os dons espirituais, engolindo um camelo toda vez que permite que o misticismo pernicioso invada sua igreja: sal grosso, lâmpada ungida, rosa ungida, fogueira santa, corredor de milagres, etc. Côa um mosquito o cantor evangélico que diz adorar a Deus, engole um camelo quando cobra altos cachês para puro exibicionismo. Côa um mosquito aquele que diz pregar a palavra, engole um camelo ao fazer exigências avantajadas para a Igreja que o convidou. Côa um mosquito o líder que defende o ministério para alguém chamado por Deus, engole um camelo toda vez que coloca alguém no ministério apadrinhado por ele.
E por aí vai esse processo de coar e engolir. Cobram para não serem cobrados. Requerem para não serem requeridos. Acusam para não serem acusados. Nas mãos possuem um pequeno coador que investiga os erros dos outros. No estômago, milhares de camelos, frutos das suas faltas pessoais. O coador filtra os mínimos pecados alheios. A garganta, que é o coração, observa a passagem de uma manada dos seus pecados.
Alguns como artistas profissionais têm a capacidade de interpretar, fingir, enganar e até chorar se necessário. As máscaras demonstram pessoas ideais e perfeitas, cuja aparência é digna de prêmio de integridade. Porém, chega o momento em que o camelo “entala” nas gargantas. A máscara é removida, quando não estilhaçada. Vislumbra-se, então, o ser humano na sua essência: Arrogância, infidelidade, mentira.
Hoje o que temos visto é a igreja e também os crentes nos seus particulares trocar o melhor de Deus, as coisas mais importantes que são promessas na Palavra de Deus, por coisas que não tem nenhum valor. Estão trocando a Palavra de Deus (Bíblia) por livros de conhecimento humano de Deus, que não podem edificar a vida de ninguém e introduzem heresias nas igrejas e também na vida dos crentes. (Ec 12.11-13; II Pe 1.16-21; Sl 119.105). Estão buscando sabedoria deste mundo, enquanto deveriam buscar sabedoria do Alto. (Tg 3.17; I Rs 3.1-14; Pv 1.7). Estão trocando a comunhão com o Espírito Santo, os ensinamentos vindos pelo Espírito Santo por sabedoria humana, coisas aprendidas em faculdades que nada pode acrescentar para a salvação do homem (Gl 1.6-12; I Co 2.1-5; Jo 14.15-26; I Co 2.13; Is 29.13). Estão trocando as coisas do alto por coisas terrenas, ou seja, estão trocando a fé no invisível pelo que é visível. (Cl 3.1, 2; Mt 6.25-33; II Co 4.16-18). Ensinamento que estimula a busca pelas coisas materiais, o culto regado de festas com muitas musicas mundana, que serve mais para balançar o esqueleto do que para adorar, estão contribuindo e muito para que o crente pense que desta forma ele vai para o céu. Isto tudo está afastando o crente cada vez mais da presença de Deus, e como conseqüência não sentimos a presença de Deus nas igrejas, sentimos sim muitas emoções, gritos e histerias, mas a presença de Deus que é bom não se sente. (Gl 3.1-3; Ef 2.1-3; Gl 5.16-21). Hoje o mundo está dentro da igreja, na verdade a igreja não foi construída para ficar de porta aberta para o mundo entrar nela, mas sim porta aberta para ela sair e invadir o mundo. O mundo está dentro das igrejas através de suas musicas, suas doutrinas, seus lazeres, diante deste quadro não vemos diferença entre a igreja e o mundo.
Por vivermos no tempo da graça, acreditamos que tudo o que fizermos é válido, mas não é bem assim, Deus colocou regras para a igreja e para o seu povo. Existem regras para as nossas igrejas, para as nossas vidas. À medida que nossos cultos são violados, as nossas vidas são violadas, estamos trocando o Santo pelo Profano. Quando trocamos a fé em Jesus Cristo pelas rosas, sal, mantos, coisas que vemos nós estamos trocando o Santo pelo Profano. (At 16.31). Quando introduzimos para dentro de nós coisas que desagradam a Deus, quando achamos que são coisas pequenas e que não tem importância, estamos trocando o Santo pelo Profano. (Zc 3.1-3; Ap 16.15; I Co 6.19,20).
Mas, afinal o que é "santo"? Comecemos pela origem do significado. O termo hebraico para santo provavelmente partiu de um conceito primitivo de separação ou remoção do sagrado do profano. O termo para santo é encontrado predominantemente em sentido religioso e usualmente contém um significado fundamental de "separado", ou "fora" do uso comum. O termo oposto a santo é "impuro" ou "profano" (Lv 10.10).
Quando não separo o santo do profano, corro o risco de me suceder o mesmo que se deu para Belsazar (Dn 5). Belsazar tomou os vasos consagrados do templo para fazer uso em sua festa carnal e pagã, e Deus, contou o seu reino e o acabou, o pesou na balança encontrando-o em falta e dividiu o seu reino. A igreja de Laodicéia estava em situação semelhante: suas obras eram por aparência, não tinham autenticidade; sua religiosidade era hipócrita: nem quente, nem frio; professava o cristianismo mas era espiritualmente desgraçada e miserável (Ap 3.14-22).
Finalizo dizendo que por não fazermos a distinção entre o que é santo e o que é profano, perdemos a oportunidade de sermos boca de Deus (Jr 15.19). Ser boca de Deus é pensar e falar conforme a vontade divina. Ser boca de Deus é traduzido por Paulo como alguém que tem a mente de Cristo (I Co 2.16; Fp 2.5). Precisamos de pessoas como desejo de ser boca de Deus. Que orem e Deus responda. Que profetizem e suas mensagens sejam cumpridas. Que preguem condenando o pecado e resgatando o pecador. Que ensinem com ousadia contra os modismos e alcancem resultados extraordinários.
Irmãos, separemos o santo do profano!

15 comentários:

Alberto M. de Oliveira (Betochurch) disse...

Muito bom texto, pr Sérgio.
Glórias ao Senhor.
Abraços.
Beto

Pastor Sérgio Pereira disse...

Prezado Alberto, graça e paz!
Obrigado por sua visita e comentário. Um forte abraço!
Pr. Sérgio Pereira

Carlos Roberto, Pr. disse...

Caro Pr. Sérgio Pereira!

A paz do Senhor1

Seiu texto é excelente, pertinente e necessário, em tempos de grande mistura no meio do povo de Deus.
Especialmente entre as lideranças, esse mal tem sealastrado, e por isso mesmo contaminado todo o povo.
Que Deus tenha misericórdia de nós!

Um grande abraço!

Pr. Carlos Roberto

Juari Barbosa disse...

Parabens pelo seu texto, infelizmente é o que acontece nos dias de hoje, realmente estamos vivendo os ultimos dias da igreja na terra......vigiemos e oremos.

Em Cristo,

Pb. Juari Barbosa
Doulos Cristou

Pastor Sérgio Pereira disse...

Pr. Carlos Roberto, graça e paz!
Sua visita e comentário sempre são bem vindos nesse blog. Infelizmente o que o irmão coloca é uma grande verdade: o mal da profanação tem se alastrado no meio da liderança evangélica. Que Deus nos cubra com sua misericórdia.
Um forte abraço!
Pr. Sérgio Pereira

Pastor Sérgio Pereira disse...

Prezado Pb. Juari Barbosa, graça e paz!
Obrigado por sua visita neste blog. Volte sempre!
A nós cabe o texto de Apocalipse 22.11 onde entre tantas coisas diz-se: "quem é santo seja santificado ainda". Um forte abraço!
Pr. Sérgio Pereira

RUTH E ROSANGELA disse...

Exelente texto pastor Sérgio,que DEUS continue lhe usando grandemente!Saímos renovadas com a palavra desse final de semana!!!Um grande abraço!!!

Pastor Sérgio Pereira disse...

Prezadas irmãs Ruth e Rosangela!
Obrigado por vossa visita e comentário nesse blog. Fico feliz em saber que as mensagens por mim pregadas no congresso desse final de semana tenham renovado vossas vidas. Um forte abraço!
Pr. Sérgio Pereira

Unknown disse...

Parabéns Pr. Sérgio, Deus te abençoe poderosamente em nome de Jesus.

Luciana disse...

E o que nós, membros, fazemos??
Até que ponto podemos e devemos ficar numa igreja que vemos que isso acontece?. Em outra não vai acontecer?
Até que ponto aceitamos, já que não conseguimos julgar.

Dicípulo Jurandir disse...

Deus nos dá dicernimento e direção, se estivermos na palavra, se estudarmos, se olharmos em nossa volta e estarmos sempre atento a tudo. Foi como Deus levantou o ministério Viver em Cristo - "Salvando Almas".
Conheção. www.apostolicaviveremcristo.com.br

Yara disse...

Graça e Paz Pr. Sérgio, amei o texto, estava à procura de um comentário profundo e sincero a respeito do tema, fui muito edificada, que Deus o continue abençõando! Pra Yara

Unknown disse...

Paz do senhor!
PR,

Que Sermão edificante , Desejo para seu "Ministerio toda Sorte de Benção e que Deus te preserve á te sua vinda ! em nome de Jesus.


Servo :KEnnyds Rogers.

Jéssica Isla disse...

Glóra à Deus por essa revelação! Deus lhe abençoe.

Unknown disse...

Olá Pastor Graça e Paz. Meu nome é Carlos e sou Presb e Musico.

Sabe pastor! li o seu texto e Deus falou muito comigo. atualmente não estou congregando, estou cansado de ver tanta hipocrisia dentro da igreja , já vivi no meio de alguns artistas Gospel e infelizmente tem muita gente falando de jesus mas não tem Jesus , não vivem o que pregam.conheço muitos pastores que só pensam e dinheiro e tudo que eles fazem e para seu próprio beneficio . Hoje está muito difícil achar uma igreja para congregar pois a um jogo de interesses muito grande entre as igrejas. sabe quando aceitei jesus a 18 anos atrás , as pessoas faziam as coisas por amor a jesus e ao próximo. mas como o senhor disse o mundo entrou dentro das igrejas e essa palavra tem que ser pregada nas igrejas sem medo, pois tem pastores com medo de pregar , pois podem magoar alguém e esse alguém pode ser um grande dizimista , vc me entendeu né. estou saturado de tanta mentiras dentro da igreja , não consigo mais confiar em nenhum pastor, bispo, apostolo sei lá . tenho uma família abençoada por Deus
estou pedindo para Deus me guiar pois não quero que meus filhos sofrem decepções que eu passei.
Obrigado. pela palavra.

Deus abençoe. !
Borgesgit@gmail.com