segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PALESTRA EBO LAGES (SC) - FORMANDO DISCÍPULOS NO MODELO DE JESUS

No último dia 23/11 tive o privilégio de ministrar na Escola Bíblica de Obreiros da Assembleia de Deus em Lages (SC), cuja igreja está sob a liderança do Pr. Elias Werlich. A liderança daquela brilhante igreja esteve reunida e pude ministrar sob o tema "Formando Discípulos no Modelo de Jesus".
O esboço das duas aulas ali ministradas eu transcrevo abaixo para a apreciação dos meus seguidores e meus leitores.

FORMANDO DISCÍPULOS NO MODELO DE JESUS

 Pr. Sérgio Pereira[1]

Texto Base: Mt 28.19,20; Mc 3.14

Introdução: Precisamos partir do modelo apresentado por Jesus (embora não seja o primeiro modelo apresentado na Bíblia) que é o mestre dos mestres. Jesus teve um ministério onde ensinou multidões, mas concentrou a sua mensagem nos seus discípulos, formando a base para a continuidade do seu ministério a partir do discipulado. Sendo esta a principal ordem dada aos seus discípulos antes da sua ascensão (Mt 28.18-20; Mc 3.14).

1- O QUE É UM DISCÍPULO?

A-  A palavra “discípulo” (grego “mathêtês”) aparece por 269 vezes nos Evangelhos e em Atos. Significa “pessoa treinada, ensinada, aluno, aprendiz”.

B-   Um discípulo é alguém que crê em tudo o que Cristo disse e faz tudo o Cristo manda

C-   Um discípulo é alguém que aprende, vive o que aprende e o comunica a outros.

D-  Um discípulo é alguém que aprende as palavras, os atos e o estilo de vida de seu Mestre com a finalidade de ensinar a outros.

E-   Não basta sermos seguidores, precisamos ser discípulos!

F-   Todo discípulo é um crente, mas nem todo crente é um discípulo.

1.     O crente espera pães e peixes; o discípulo é um pescador.

2.    O crente luta por crescer; o discípulo luta para reproduzir-se.

3.    O crente depende dos afagos de seu pastor; o discípulo está determinado a servir a Deus.

4.    O crente gosta de elogios; o discípulo do sacrifício vivo.

5.    O crente entrega parte de suas finanças; o discípulo entrega toda a sua vida.

6.    O crente cai facilmente na rotina; o discípulo é um revolucionário.

7.    O crente precisa ser sempre estimulado; o discípulo procura estimular os outros.

8.    O crente espera que alguém lhe diga o que fazer; o discípulo é solícito em assumir responsabilidades.

9.    O crente reclama e murmura; o discípulo obedece e nega-se a si mesmo.

10. O crente é condicionado pelas circunstâncias; o discípulo as aproveita para exercer a sua fé.

11.  O crente exige que os outros o visitem; o discípulo visita.

12. O crente busca na palavra promessas para a sua vida; o discípulo busca vida para receber as promessas da Palavra.

13. O crente pensa em si mesmo; o discípulo pensa nos outros.

14. O crente pertence a uma instituição; o discípulo é uma instituição em si mesmo.

15. O crente vale porque soma; o discípulo vale porque multiplica.

16. Os crentes foram transformados pelo mundo; os discípulos transformaram, transformam e transformarão o mundo.

17. Os crentes esperam milagres; os discípulos os fazem acontecer

18. Os crentes se destacam construindo templos; os discípulos se fazem para conquistar o mundo.

19. O crente sonha com a igreja ideal; o discípulo se entrega para fazer uma igreja real.

20.A meta do crente é ir para o Céu; a meta do discípulo é ganhar almas para povoar o Céu.

21. O crente necessita de festas para estar alegre; o discípulo vive em festa porque é alegre.

22.O crente espera um avivamento; O discípulo é parte dele.

23.O crente agoniza sem nunca morrer; o discípulo morre para dar vida a outros.

24.O crente longe de sua congregação lamenta por não estar em seu ambiente; o discípulo cria um ambiente para formar uma congregação.

25.Ao crente se promete uma almofada; ao discípulo se entrega uma cruz.

26.O crente cai nas ciladas do Diabo; o discípulo as supera e não se deixa confundir.

27.O crente responde talvez... o discípulo responde eis-me aqui.

28.O crente preocupa-se só em pregar o evangelho; o discípulo prega e faz outros discípulos.

29.O crente espera recompensa para dar; o discípulo é recompensado porque dá.

30.O crente espera que o mundo melhore; o discípulo sabe que não é deste mundo e espera o encontro com seu Senhor.

2- ENTENDENDO E ATENDENDO A CHAMADA DE JESUS PARA FAZERMOS DISCÍPULOS (Mc 1.14-20).

A-  A estratégia usada por Jesus e como ele considerava as oportunidades que tinha. A estratégia inicial de Jesus foi bem específica: "...pregando o Evangelho de Deus" (vs.14).

B-   O conteúdo da sua mensagem procurava destacar a importância que Deus dá ao homem enviando-lhe o seu reino: "o tempo esta cumprido, e é chegado o reino de Deus" (vs.15).

C-   Jesus Chama para o Arrependimento e a Fé (vs. 15). Não há caminhada cristã sem esse primeiro passo da parte do homem. Não há nem mesmo cristianismo.

D-  Jesus Chama para uma Vida de Serviço (vs.17). A chamada ao discipulado tem dois lados. O primeiro é a chamada para seguir a Jesus, ser um discípulo fiel e leal ao Mestre. O outro lado é para cumprirmos a missão que ele tem designado para cada um de nós. Jesus chama o homem primeiro para ser seu seguidor, fazer sua vontade e viver seus valores.

E-   Jesus Chama, não só pela Capacidade, mas também pela Disponibilidade (vs. 18). A resposta à convocação de Jesus foi imediata. Os homens simples do povo são chamados por causa desta disponibilidade para o serviço. Disponibilidade não é ociosidade; é, antes um estado de prontidão, de disposição para o serviço. Os primeiros não olharam para as redes e ficaram com pena de deixar a sua profissão e seguir a Jesus, para se tornarem seus discípulos.

3- COMO JESUS FAZIA DISCÍPULOS? UMA ANÁLISE DO SISTEMA DE DISCIPULADO DE JESUS

A-  O método de Jesus baseava-se muito mais no relacionamento do que na absorção de conhecimento acadêmico ou intelectual

a.    Mc 3.14 – “estar com Jesus” seria a marca do treinamento desses homens, veja At 4.13

b.    Deste momento em diante ficava claro que o ensino de Jesus seria o da convivência pessoal

B-   A proposta de Jesus era para além da vivencia relacional (Mc 3.8)

C-   Jesus fazia-os descobrir as propostas do Reino de Deus através das parábolas por Ele ensinadas (Mt 13.1-52)

D-  Jesus levava-os a conhecê-lo numa intimidade jamais demonstrada diante das multidões

a.    Sua transfiguração (Mt 17.1-8)

b.    Seu sono durante uma tempestade (Mc 4.38)

c.    Seu estado de fadiga e fome junto ao poço de Jacó (Jo 4.6-8)

E-   Jesus os levava a uma prática ministerial

a.    Eles confrontaram-se com demônios (Mt 17.14-21)

b.    Foram confrontados com a oração (Mt 26.36-46)

c.    A confrontação para a restauração de Pedro (Jo 21.15-23)

F-   Jesus valoriza o individuo pela alma não pelo bolso. Para Ele não há “peixe grande ou peixe pequeno”

a.    Zaqueu (Lc 19.1-9)

b.    A mulher samaritana (Jo 4.7-29)

c.    Nicodemos (Jo 3.1-21)

G-  As expectativas de Jesus quanto ao ministério diferenciavam-no de seus discípulos  (Mc 10.32-45)

a.    Jesus esta caminhando cheio de coragem, mas seus discípulos estão atemorizados (vs. 32)

b.    Jesus caminha em direção à cruz, seus discípulos ambicionam a glória (vs. 33-38)

                                        1.    Para Jesus o caminho da glória passa pela cruz, s discípulos queriam a glória sem a cruz.

c.    Jesus exerce sua autoridade para servir, os discípulos ambicionam poder para dominar (vs. 37-41)

                                        1.    Houve uma crise entre eles por causa de poder (vs. 41)

                                        2.    Uma vez mais se discutiu sobre quem era o maior (Mc 9.33-35)

4- ANÁLISE DE ALGUNS EPISÓDIOS SOBRE O MODELO DE DISCIPULADO DE JESUS

A-  Lições da pesca maravilhosa (Lc 5.1-11).  Neste acontecimento da grande captura de peixes, Jesus demonstrou os métodos para os ganhadores de almas.

a.    Um pescador de homens deve ir onde as pessoas estão (vs. 4a).

b.    Um pescador de homens deve usar o equipamento correto (vs. 4b).

c.    Um pescador de homens deve obedecer a Cristo e a sua Palavra (vs.5b).

d.    Um pescador de homens deve reconhecer suas próprias inadequações (vs.8).

e.    Um pescador de homens deve dar o seu testemunho em primeiro lugar (vs.11).

B-   A Parábola da Ovelha Perdida e Suas Lições (Lc 15.4-7). O tratamento do pastor da parábola é o que temos por referencial:

a.    Ele valoriza a ovelha perdida. O pastor poderia ter se contentado com as noventa e nove que estavam seguras e desistido da ovelha peralta que rebeldemente desgarrou-se. Mas o pastor não desistiu de buscar a ovelha, ainda que fosse uma ovelha rebelde.

b.    Ele procura pela ovelha perdida. O pastor saiu em busca da ovelha perdida.

c.    Ele desce aos mais profundos abismos para buscar a ovelha perdida. O pastor correu riscos para encontrar a ovelha perdida.

d.    Ele toma nos braços e leva para o aprisco a ovelha perdida. Ele não sente nojo da ovelha que caiu no abismo, mas desce os despenhadeiros mais perigosos para arrancar das entranhas da morte a ovelha que se perdeu e encontra-a, toma-a amorosamente nos braços e a leva para o aprisco.

e.    Ele corre riscos pela ovelha, se identifica com ela. Ao coloca-la sobre os ombros, toda a sujeira e sangue que estão na ovelha, vem para as vestes do pastor, mas ele não está preocupado com sua reputação.

f.    Ele celebra com alegria a volta da ovelha desgarrada. A Bíblia diz que há festa no céu por um pecador que se arrepende. Os anjos exultam de alegria ao verem uma ovelha sendo resgatada das garras da morte.

BIBLIOGRAFIA
ARANGUREN, Luis. Discipulado Transformador. LifeWay. São Paulo, 2002
BONHOEFFER, Dietrich. Apostila Discipulado.
BUENO, Luiz Augusto Corrêa. Apostila: O Discipulado na Missão da Igreja.
KORNFIELD, David. Série Grupos de Discipulado, Vol. 1. Editora Sepal. São Paulo, 1994.
KUIPER, R. B. El Cuerpo Glorioso de Cristo. Grand Rpids, T.E.L.L. 1985.
LOPES, Hernandes Dias. Artigo: Em Busca da Centésima Ovelha, disponível in: www.ipbvit.org.br/boletim/1413.pdf. Acesso em 19/04/2011.
MOORE, Waylon. Multiplicación de Discípulos. Casa Bautista de Publiciones. El Paso, 1981.
PEREIRA, José Maurício. Artigo: O Discipulado Determinado Por Jesus. Publicado no Jornal Aleluia 347, de novembro de 2009.
RICHARDS, Lawrence O. Teologia do Ministério Pessoal. Edições Vida Nova. São Paulo, 1980.
SITTEMA, John. Coração de Pastor. Editora Cultura Cristã. São Paulo, 2004.


[1] Pastor Sérgio Pereira. Membro da CGADB (34536) e da CIADESCP (1246). Bacharel em Teologia, Especializado em Teologia Prática, professor, conferencista e pregador. Autor de algumas matérias dos cursos em teologia oferecidos pela FAEST – Mafra (SC). Pastor Setorial do Setor 5 –Tapera em Florianópolis (SC).
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