quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Aspectos da Ética do Novo Testamento

A ÉTICA DO NOVO TESTAMENTO

A visão ética do Novo Testamento é normativa para a comunidade dos santos, ou seja, a Igreja. Essa visão enraíza-se na proclamação do reinado de Deus por Jesus e no anúncio de Paulo da justiça salvífica de Cristo. Ela tem também exigências específicas feitas dentro de circunstâncias históricas muito concretas. Os cristãos contemporâneos devem se empenhar no processo contínuo de reflexão ética e estabelecer pontos de comunicação entre eles e a sociedade mais ampla. Agindo assim, comunicarão a outros aquilo em que crêem. A visão moral do crente, porém, deve enraizar-se primariamente no Novo Testamento.

Extratos Éticos do Sermão da Montanha
A face mais visível do Reino de Deus é chegada com o ministério de Jesus Cristo e a “legislação” desse reino é sintetizada de uma maneira primorosa no Sermão do Monte. Diferente dos demais rabinos que se limitavam apenas em interpretar a Lei segundo suas tradições. Jesus se dirige aos seus discípulos e a multidão com a autoridade daquele que além de interpretar a Lei ousa ampliá-la e aprofundá-la. A seguinte expressão: “ouvistes o que disseram os antigos, eu porém vos digo...” demonstra a autoridade do Rei que pode emendar, suprimir ou substituir sentenças segundo a sua vontade.
O ensino ético de Jesus é propagado em oposição ao ensino dos escribas e fariseus que possuíam uma espécie de monopólio do sagrado entre o povo comum. A severidade e o rigor no cumprimento das inumeráveis filigranas da interpretação rabínica da Lei pelos fariseus, conferiam-lhes “status espiritual” privilegiado entre a raia miúda. Evidentemente isso se revertia em vantagens sociais e econômicas.
A figura da realeza de Jesus subvertia a ordem social. O que se entendia como sinais de um reino terreno sistematicamente sofria um desmonte conceitual através dos eventos da vida de Jesus: manjedoura, família comum, discípulos do povo, montaria no jumentinho, lava pés. Ou através de seu ensino: o bom samaritano, o jovem rico, crianças e o reino, etc.
A mensagem libertadora do Reino de Deus é apresentada ao povo sem a necessidade da intermediação do clero corrompido e distante da realidade dos marginalizados da religião. A mensagem da parábola do bom samaritano quebra os paradigmas da religiosidade judaica quando mostra a insuficiência e o descaso do clero em ajudar a pobre vítima do pecado.
Valores do reino de Deus Expressos no Sermão do Monte
A Felicidade do Discípulo (Mt 5.1-12).
“Bem aventurados...” esta expressão ocorre nove vezes no Evangelho de Mateus, traduzida do grego makarios também significa feliz. Cada versículo das bem-aventuranças possui duas partes distintivas: a primeira seguida da palavra makarios acrescentando uma qualidade: atitude, comportamento, experiência de vida. A segunda parte consiste de um motivo. Surge a questão: a felicidade do discípulo está contida na primeira parte ou na segunda? Ou, o discípulo é feliz por causa da sua atitude ou dos motivos? Uma resposta adequada a essa questão encontramos no texto de Carlos Queiroz: “A felicidade do discípulo está centrada na arte de viver como luz do mundo – portanto, como quem já tem a virtude em si e, como consequência, já não depende da ação do outro para ser o que é...Ele ama porque é assim o seu modo de ser; tem fome e sede de justiça porque é assim natureza de seus apetites; é pacificador porque a paz é fruto da sua essência de vida.”
Sal da Terra e Luz do Mundo (Mt 5.13-16). John Stott sintetiza de uma forma interessante o significado dessas duas expressões de Jesus. O sal no mundo antigo era fundamental. Em uma época sem as facilidades de refrigeração que possuímos atualmente o sal tinha como finalidade precípua a conservação de alimentos. O discípulo então teria o papel de evitar a deterioração das instituições sociais e políticas (família, escola, igreja, governo). A função do farol era a de iluminar as embarcações para evitar o naufrágio e assim chegar ao porto seguro. Tal como o farol o discípulo sinaliza a salvação de Deus em meio a tormenta deste mundo tenebroso.
A Auto Mutilação (Mt 5.21-32). O discípulo se caracteriza por não pertencer a este mundo e não possuir seus valores. Paulo em Rm12.1-2 nos exorta a não tomarmos a forma dos padrões corruptos do sistema maligno que controla este século. Enquanto os religiosos de sua época se limitavam a aparentar santidade em suas relações, configurando o pecado apenas quando acontece o ato. Jesus destaca a origem do pecado nas motivações interiores. Desta forma Ele denunciava como igualmente pecadores diante de Deus: o assassino e o ofensor, o adúltero e o lascivo. Como no episódio da mulher adúltera, pecadores flagrados ou pecadores escondidos são igualmente passíveis de condenação e por isso necessitados de arrependimento. Na questão do olhar podemos afirmar que: o ímpio desnuda a mulher com seus olhos, o religioso busca cobri-la e o discípulo cuida dos seus olhos. O discípulo que mutila os seus desejos pecaminosos no coração age preventivamente.
O Uso Publicitário da Fé (Mt 6.1-21). Práticas tão comuns e tão necessárias para desenvolvermos nossa vida cristã como jejum, oração e esmolas são reavaliadas por Jesus no Sermão do Monte. Seguindo a mesma lógica da motivação do coração, o Senhor denuncia o exercício de atitudes reconhecidas como piedosas como forma de obter prestígio diante dos homens. Pode parecer contraditório, mas é possível realizar manifestações “poderosas”, performances plasticamente perfeitas e “santas” com o único objetivo de se projetar socialmente diante dos demais. O risco da falsificação ministerial é apontado por Jesus constantemente aos apóstolos e discípulos. Lembramos que um dos apóstolos, Judas tinha interesses escusos mesmo sendo um dos doze escolhidos por Jesus.
A Solidez do Ensino de Jesus (Mt 7.24-27). A vida cristã não se caracteriza por demonstrações gratuitas de carismatismo, pirotecnias ou espetáculos para atrair incautos. Os valores do Reino se distinguem pela permanência, estabilidade e capacidade de resistir às intempéries. O discípulo tem a segurança da vida eterna, a presença real do Espírito Santo e sentido para a sua vida terrena (vocação). As bases da mensagem cristã são profundas e vividas a partir da regeneração promovida por Deus no momento da conversão. O cristão não se esforça para ser filho de Deus, porque ele já o é. Seu crescimento naturalmente ocorre em direção à eternidade através de uma vida santa. Quem tem seus fundamentos baseados em um conhecimento teórico do evangelho ou busca viver de acordo com a justiça própria está construindo seus alicerces em terreno arenoso. Certamente não subsistirá, a mensagem do evangelho só pode ser vivida por pessoas que verdadeiramente nasceram de novo.
Por Pastor Sérgio Pereira (adaptado)

Um comentário:

Escola Marcos Adriano issler disse...

Pastor Sergio por favor me responda, no caso que quem é membro da igreja ele precisa confessar atos de masturbação para o Pastor e a igreja. Para receber o perdão de Deus e se livrar do pecado?