terça-feira, 24 de outubro de 2017

O QUE FAÇO NO TEMPLO?


Por Pr. Sérgio Pereira

Qual a razão de passarmos tantas horas semanais dentro do templo?
As respostas podem ser múltiplas.
Há inúmeras pessoas com motivações equivocadas quanto ao que fazem no templo. Outros estão com as motivações certas, mas do modo errado.
Alguns vão a igreja como o trabalhador de uma grande empresa vai a ela: bater o ponto! Outros sobem as escadarias do santuário como meros religiosos cheios de formalidades e cerimonialismo. Existem aqueles que são os famosos “crentes de congresso”: se há alguma atração gospel ou um calendário especial, lá estão eles, sempre confundindo o lugar de adoração com um parque de diversões. Há ainda os que se lembram do templo na época da adversidade: bastou acontecer algo de ruim, eles comparecem no primeiro banco da igreja para fazerem todas as correntes possíveis.
Há cristãos que já entenderam o real significado de ir à igreja: adorar o Senhor e contemplar a sua formosura (Sl 27.4). Mas, o que significa adoração? Adoração verdadeira começa com a Criação (Sl 50.1). A real finalidade da Criação é louvar a Deus (Sl 19.1). A verdadeira adoração sempre inclui e exprime a grandeza e a glória de Deus. Isso pode ser observado nas ocasiões em que Deus revelou-se aos homens de forma direta, em uma teofania (Ex 3.6; Is 6.5; I Rs 19.13; At 9.6, ARC). A adoração verdadeira sempre tem a Deus como objeto, o que condiciona Seus adoradores a um legítimo temor diante da Sua santidade e a um estilo de vida santificado.
Adoração verdadeira é uma questão do coração. Em meio a esse formalismo no culto ao Senhor, Ele conclama Seu povo a adora-lo em Espírito e em verdade (Jo 4.23,24)
Sob muitos aspectos, o templo tinha o mesmo significado para os israelitas que a cidade de Jerusalém: (1) Simbolizava a presença e a proteção do Senhor Deus entre o seu povo (Ex 25.8; 29.43-46). Quando ele foi dedicado, Deus desceu do céu e o encheu da sua glória (I Cr 7.1,2; cf. Ex 40.34-38), e prometeu que poria o seu Nome ali (I Cr 6.20, 33). Por isso, quando o povo de Deus queria orar ao Senhor, podia fazê-lo, voltado em direção ao templo (I Cr 6.24,26,29,32), e Deus o ouviria “desde o seu templo” (Sl 18.6). (2) O templo também representava a redenção de Deus para com o seu povo. Dois atos importantes tinham lugar ali: os sacrifícios diários pelo pecado, no altar de bronze (Nm 28.1-8; II Cr 4.1) e o Dia da Expiação quando, então, o sumo sacerdote entrava no lugar santíssimo a fim de aspergir sangue no propiciatório sobre a arca para expiar os pecados do povo (Lv 16; I Rs 6.19-28; 8.6-9; I Cr 28.11).
Todavia, o templo não oferecia nenhuma garantia absoluta da presença de Deus; simbolizava a presença de Deus somente enquanto o povo rejeitasse todos os demais deuses e obedecesse à santa lei de Deus. Miquéias, por exemplo, verberava contra os lideres do povo de Deus, por sua violência e materialismo, os quais ao mesmo tempo, sentiam-se seguros de que nenhum mal lhes sobreviria enquanto possuíssem o símbolo da presença de Deus entre eles: o templo (Mq 3.9-12). Posteriormente, Jeremias repreendeu os idólatras de Judá, porque se consolavam mediante a constante repetição das palavras: “Templo do SENHOR, templo do SENHOR, templo do SENHOR é este” (Jr 7.2-4, 8-12). Por causa de sua conduta ímpia, Deus destruiria o símbolo da sua presença — o templo (Jr 7.14,15).
Infelizmente alguns de nós a semelhança do que aconteceu no templo nos dias de Jesus, temos profanado o templo do Senhor. De que forma profanamos o templo de Deus?
·         Profanamos o templo do Senhor com nossas atitudes (Mt 21.12), quando fazemos do templo um lugar de ganharmos a vida, de lucro, de comercio. Por causa de seus interesses vinham ao templo não para terem comunhão, nem tampouco para oferecerem sacrifícios.
·         Profanamos o templo do Senhor quando não fazemos dele um lugar de adoração (Mt 21.13).
·         Profanamos o templo do Senhor quando ele deixa de ser um lugar atrativo para o mundo. O lugar no templo destinado aos gentios, para que estes pudessem adorar a Deus, estava completamente ocupado com outras coisas. Como os gentios poderiam orar e reverenciar a Deus se o próprio povo de Deus não fazia isso? Os gentios notavam a falsa religiosidade daquela gente (Mc 11.17 b).
·         Profanamos o templo do Senhor quando não temos zelo por ele (Jo 2.17). A indiferença que Cristo viu no coração daquela gente o deixou irado. O Senhor tem zelo pelo que lhe pertence
Portanto, o espaço físico onde a igreja se reúne precisa ser, antes de qualquer coisa, um lugar de encontro com o Divino, onde a graça perdoadora manifesta-se abundante e provedora sobre o humano falho que ali que se apresenta reverentemente em adoração.
Estar na casa de Deus, orar e ouvir a Sua palavra produz o verdadeiro refrigério às nossas almas; pois muitas vezes vamos à casa de Deus, com o coração triste, amargurado diante de tantos problemas e lutas; e se buscarmos de todo o coração esse refrigério, o encontraremos. E você já sabe o que faz no templo?

Artigo originalmente publicado no Jornal Mensageiro da Paz Edição nº 1572 de Maio de 2016.


Sérgio Pereira é Pastor Presidente da Assembleia de Deus em Candeias do Jamari (RO). Secretário de Comunicação da CEMADERON e Membro da Comissão de Relações Publicas da CGADB. Bacharel em Teologia (Instituto Inovatti), Graduado em Teologia (FACEL) e especializado em teologia prática. Professor, conferencista e escritor.

4 comentários:

Unknown disse...

Formidável. DEUS lhe abençoe nobre Pastor!!

EV. ISAAC BRUM disse...

Excelente conteúdo meu nobre amigo e Pastor. Sabes que sou um admirador do seu trabalho. Estou ansioso pelo seu conteúdo na academia! Abraços.

EV. ISAAC BRUM disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

Texto riquíssimo e verdadeiro..